O presidente francês Emmanuel Macron reúne-se com os líderes dos principais partidos políticos do país na sexta-feira e na segunda-feira para "continuar a avançar em direção à maioria mais ampla e estável possível", de acordo com o Palácio do Eliseu.
A crise política em França poderá ser resolvida em breve através do diálogo? Seis semanas após a segunda volta das eleições legislativas, o Presidente francês Emmanuel Macron, que tinha pedido uma "trégua olímpica", recebe os principais líderes políticos de vários partidos para discutir a nomeação de um futuro governo e de um primeiro-ministro.
A coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), que obteve o maior número de lugares nas eleições legislativas mas não conseguiu a maioria absoluta de 289 lugares, abriu as consultas esta sexta-feira de manhã no palácio presidencial do Eliseu.
Os representantes da esquerda chegaram às 10:30 com a sua candidata a primeira-ministra, Lucie Castets, funcionária pública e economista.
Lucie Castets insistiu perante um grupo de jornalistas, incluindo a Euronews, que a Nova Frente Popular está "consciente" de que terá de "procurar compromissos, na ausência de uma maioria absoluta" na Assembleia Nacional.
Antes dos Jogos Olímpicos de Paris, Macron tinha rejeitado Castets como potencial candidato para liderar o futuro governo do país, o que irritou a coligação de esquerda.
Durante a tarde, Macron receberá o seu bloco centrista, seguido do partido conservador de direita Os Republicanos.
Os líderes da extrema-direita, Jordan Bardella e Marine Le Pen, do partido Rassemblement National, serão convidados para o palácio presidencial na segunda-feira de manhã.
Na sequência destas conversações, Emmanuel Macron irá também consultar o presidente da Assembleia Nacional e o presidente do Senado.
A nomeação de um novo primeiro-ministro só será feita na terça-feira, informou o Palácio do Eliseu, sem dar mais pormenores.
Uma frente unida?
Emmanuel Macron quer "um diálogo justo e sincero, e que estas consultas sejam úteis ao país", disse o seu gabinete.
Aproveitando o facto de cem lugares separarem o NFP da maioria absoluta, Macron parece excluir a possibilidade de nomear Lucie Castets para tentar criar uma maioria alternativa, por exemplo, com alguns dos socialistas de direita e moderados.
Tanto a direita como a extrema-direita ameaçam derrubar um governo de esquerda se forem nomeados ministros da extrema-esquerda La France Insoumise (LFI).
A coligação de esquerda NFP, composta pelo La France Insoumise, os socialistas, os comunistas e os Verdes, garantiu que está "pronta para governar", mesmo sem maioria absoluta.
Numa carta dirigida aos franceses, a NFP critica "a inação do Presidente", que considera "grave e perigosa".
Os diferentes partidos da NFP não têm as mesmas estratégias e têm-se desentendido desde a sua criação, depois de Macron ter dissolvido o parlamento.
O partido La France Insoumise, liderado pelo incendiário Jean-Luc Mélénchon, ameaça iniciar um processo de destituição se Macron recusar nomear Lucie Castets como primeira-ministra. Uma medida que foi criticada pelo Partido Socialista e pelos Verdes.
Quem poderá vir a ser o próximo primeiro-ministro?
Lucie Castets ficou em 21º lugar (entre 35 personalidades) numa sondagem da Harris Interactive encomendada pelo jornal francês Challenges, a 21 de agosto.
De acordo com Castets e com os partidos de esquerda que a levaram à proeminência, a sondagem reflete o facto de ela ser bastante desconhecida do grande público, nunca tendo exercido um único mandato.
Obteve 17% de opiniões positivas, mas 40% dos inquiridos disseram que "não a conheciam suficientemente bem para dar uma opinião".
O eurodeputado de extrema-direita Jordan Bardella é o segundo favorito na sondagem, com 39%, seguido de Xavier Bertrand (32%), um antigo ministro de direita.
De acordo com a sondagem, 40% dos inquiridos afirmam acreditar que o primeiro-ministro cessante, Gabriel Attal, é o mais indicado para continuar a liderar o governo do país.