Vučić reconheceu que a Sérvia tinha resistido a alinhar-se com o resto da Europa na imposição de sanções à Rússia, mas disse que Belgrado tinha condenado repetidamente a invasão da Ucrânia.
PUBLICIDADEO presidente da Sérvia, Aleksandar Vučić, negou ter ligações estreitas com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e rejeitou a sugestão de que o seu país é um "cavalo de Troia" para Moscovo.
Falando na conferência de segurança GLOBESEC em Praga, Vučić disse que não se encontrou ou falou com Putin nos mais de dois anos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
"Sim, temos tradicionalmente laços muito bons e não estamos a esconder isso. E não tenho vergonha disso com a Rússia. Sempre foi assim entre sérvios e russos e somos o único país da Europa que não impôs sanções contra a Rússia. E como podem ver, não tenho medo de o dizer abertamente", afirmou.
"Ninguém na Europa concorda comigo nesta questão, mas toda a gente na Europa compreende a minha posição".
Vučić reconheceu que a Sérvia tem resistido até agora a alinhar-se com o resto da Europa na imposição de sanções à Rússia, mas disse que Belgrado condenou repetidamente a invasão da Ucrânia em plataformas internacionais como a Assembleia Geral da ONU.
A Sérvia e a Turquia são os únicos países candidatos à adesão à UE que se recusaram a impor sanções.
"Há cinco anos, 30% das nossas receitas turísticas provinham da Rússia. Foi difícil adotar as sanções contra a Rússia e seguir o Conselho da UE. Foi difícil, mas conseguimos", disse o Presidente do Montenegro, Jakov Milatović.
O Montenegro é também um país candidato à UE.
Vučić disse ter tido uma "excelente" conversa com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mas admitiu ser improvável que a Sérvia se torne um Estado-Membro da UE até 2028, data em que alguns outros países dos Balcãs Ocidentais esperam aderir ao bloco.
"Não acredito que a Sérvia venha a fazer parte da União Europeia em 2028, porque há muitas questões. Em primeiro lugar, temos os interesses da União Europeia, que são diferentes dos nossos. Penso que, se alguns de nós vierem a tornar-se membros da UE, isso não poderá acontecer antes de 2030. Mas esta é apenas a minha avaliação", afirmou.
A Sérvia, que se tornou um país candidato à UE em 2012, fez poucos progressos nos domínios do Estado de direito e das reformas democráticas, que são as principais condições prévias para a adesão ao bloco de 27 nações.
Belgrado deve também alinhar a sua política externa com a da UE, o que inclui a imposição de sanções à Rússia.
Durante os protestos do ano passado, após dois tiroteios em massa, os apelos a um controlo mais rigoroso das armas transformaram-se rapidamente em protestos antigovernamentais.
Os manifestantes estavam zangados com o retrocesso democrático do governo de Vučić, acusando-o de aumentar o autoritarismo, a corrupção e as ligações ao crime organizado.
O mais recente relatório da Casa da Liberdade classifica a Sérvia em 18º lugar numa escala de 40, colocando-a na categoria de regimes parcialmente livres e híbridos, com uma tendência decrescente para o autoritarismo.