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Porque é que o presidente francês escolheu François Bayrou para primeiro-ministro de França?

O recém-nomeado primeiro-ministro francês, François Bayrou, aplaudido pelo primeiro-ministro cessante, Michel Barnier, na tomada de posse.
O recém-nomeado primeiro-ministro francês, François Bayrou, aplaudido pelo primeiro-ministro cessante, Michel Barnier, na tomada de posse. Direitos de autor  Bertrand Guay/AP
Direitos de autor Bertrand Guay/AP
De Sophia Khatsenkova
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O presidente da Câmara de Pau e líder do partido centrista MoDem terá a difícil tarefa de fazer aprovar o plano orçamental para 2025.

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O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou François Bayrou, um aliado centrista de longa data, para novo primeiro-ministro do país, depois de os deputados terem votado a favor da destituição do anterior governo de Michel Barnier, na semana passada.

François Bayrou, de 73 anos, é o fundador do partido centrista Movimento Democrático (MoDem) e presidente da câmara da cidade de Pau, no sudoeste do país.

Tal como o seu antecessor, François Bayrou não tem maioria na Assembleia Nacional (a câmara baixa do parlamento).

Para evitar o mesmo destino de Barnier, terá de negociar com os outros partidos de uma câmara baixa amargamente dividida para evitar ser derrubado pelos deputados.

Consciente da complexidade da situação, Bayrou disse aos jornalistas na sexta-feira: "É um longo caminho, toda a gente sabe disso... Não sou o primeiro a percorrer um longo caminho".

Macron espera certamente que Bayrou consiga sobreviver até, pelo menos, julho, altura em que será possível realizar novas eleições legislativas.

Porque é que Macron escolheu Bayrou?

De acordo com vários especialistas, François Bayrou é o candidato de topo capaz de se comprometer com a maioria dos partidos em jogo.

"Bayrou é a escolha lógica porque preenche uma série de requisitos", afirma Christophe Boutin, politólogo e professor de direito público.

"É bem conhecido do grande público, tem mostrado pouca hostilidade para com a maioria dos partidos políticos e tem uma vasta carreira política como deputado europeu, autarca e antigo ministro. Comparado com o conservador de direita Michel Barnier, Bayrou será mais agradável para os partidos de esquerda moderados", disse à Euronews.

De acordo com os meios de comunicação social franceses, as conversações para a escolha do futuro primeiro-ministro acabaram num braço de ferro.

Vários deputados do movimento centrista MoDem, de Bayrou, disseram aos jornalistas que, se o seu líder não fosse nomeado, o seu partido separar-se-ia da aliança de Macron, arriscando o líder francês em apuros cerca de 36 lugares.

"Nesse caso, Emmanuel Macron teria ficado ainda mais enfraquecido. Por isso, ele também foi forçado a escolher Bayrou em vez de outros candidatos", disse Philippe Moreau-Chevrolet, especialista em comunicação política.

O que é que se segue para o novo primeiro-ministro?

De acordo com o artigo 8º da Constituição francesa, o presidente da República tem o poder de nomear novos ministros "sob proposta" do primeiro-ministro.

Macron e Bayrou terão de trabalhar rapidamente para formar governo.

Embora não seja obrigatório, uma vez escolhido o governo, o novo primeiro-ministro pode fazer um discurso de política geral perante a Assembleia Nacional.

Trata-se de um acontecimento muito aguardado e analisado, pois tende a revelar as cores do futuro governo.

"Bayrou terá de falar com toda a gente, para tentar dar a impressão de que estas discussões são colegiais. Terá de se afastar do estilo de governação de Macron, que é muito vertical. Isso é extremamente importante, dada a atual impopularidade de Macron", disse Philippe Moreau-Chevrolet em entrevista à Euronews.

Será que Bayrou tem hipóteses de sobreviver a uma moção de censura?

Nesta fase, apenas o partido de extrema-esquerda La France Insoumise (LFI) anunciou que vai avançar com uma moção de censura.

Os outros partidos que formam a coligação de esquerda NFP (Nova Frente Popular) tiveram uma reação mais moderada.

O Partido Socialista (PS) declarou que se recusa a fazer parte do novo governo, mas insinuou que está disposto a cooperar se Bayrou renunciar à utilização do n.º 3 do artigo 49.º da Constituição para aprovar leis sem votação no Parlamento.

A queda de Michel Barnier deveu-se ao facto de ter utilizado o n.º 3 do artigo 49.º para forçar a adoção de um orçamento nacional de contenção sem votação parlamentar.

Este facto, por sua vez, expôs Barnier a uma moção de censura, depois de a coligação de esquerda e o partido de extrema-direita Rassemblement National terem decidido unir forças.

O presidente do Rassemblement National, o eurodeputado Jordan Bardella, afirmou que, desta vez, o seu partido não irá votar contra Bayrou, desde que este não ultrapasse determinadas "linhas vermelhas" em temas como a imigração e as pensões.

Quais são os temas em debate?

A prioridade imediata de François Bayrou será a aprovação de uma lei provisória para prolongar o orçamento deste ano até 2025.

O projeto de lei, que deverá ser examinado na segunda-feira pela Assembleia Nacional, permite que o governo continue a cobrar os impostos existentes até à votação de um novo orçamento pelos deputados.

Nessa altura, Bayrou terá a tarefa ainda mais complexa de aprovar um orçamento nacional para o próximo ano.

Com o défice orçamental francês a atingir 6% do PIB, o novo primeiro-ministro terá de considerar a possibilidade de aumentar os impostos e de efetuar cortes orçamentais significativos.

Com os trabalhos parlamentares suspensos entre 20 de dezembro e 14 de janeiro, a batalha sobre o orçamento só deverá começar no ano novo.

Outro tema quente em cima da mesa: espera-se que o novo governo tenha respostas para um sector agrícola em fúria.

Há meses que os agricultores protestam contra o acordo com o Mercosul que a Comissão Europeia celebrou recentemente com vários países sul-americanos.

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