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Atelier que vestiu o Papa Francisco para o funeral: "Nada foi feito para a ocasião"

Vestes papais expostas na montra da alfaiataria Gammarelli, em Roma
Vestes papais expostas na montra da alfaiataria Gammarelli, em Roma Direitos de autor  Andrew Medichini/AP2013
Direitos de autor Andrew Medichini/AP2013
De Euronews
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O estilista Filippo Sorcinelli, que trabalha há vinte anos no Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, veste o Papa Francisco desde os primeiros dias do seu pontificado, procurando sempre respeitar o seu desejo de simplicidade e de ir de acordo com as suas medidas.

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"Sobriedade de linguagem e de presença" é como Filippo Sorcinelli descreve o Papa Francisco, que tem vestido desde os primeiros dias do seu pontificado. O estilista da região de Marche é o fundador do Atelier Lavs, acrónimo de Laboratorio Arte Vesti Sacre, que trabalha há mais de vinte anos com o Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice.

Sorcinelli, especialista em vestuário litúrgico, confecionou para Jorge Mario Bergoglio algumas das vestes mais significativas do seu ministério, entre as quais as usadas na histórica missa de inauguração do pontificado, transmitida para todo o mundo em 2013.

Na sua última viagem terrena, Francisco foi acompanhado por uma criação do atelier, a mitra. O toucado, feito de folha de seda branca, é adornado com as tradicionais guarnições de ouro, símbolo de pureza e de continuidade com a tradição, mas sempre sob o signo de uma beleza discreta.

Mas, como o próprio Bergoglio desejava, nada de novo foi feito para a ocasião. Sorcinelli confirmou que a casula era de repertório, já em uso na sacristia, enquanto a mitra estava entre as normalmente usadas pelo pontífice.

Estética inspirada na arte medieval para refletir a alma do Papa

As criações de Sorcinelli para o Papa Francisco sempre respeitaram o desejo de essencialidade e de medida do pontífice, com cortes sóbrios e um simbolismo subtil, evitando qualquer forma de ostentação.

Ao desenhar as vestes para Bergoglio, Sorcinelli explicou que teve em conta as origens de Francisco, longe das liturgias sumptuosas da Europa Central. Procurou uma linguagem visual mais essencial, inspirando-se nos ciclos de frescos medievais de Giotto, em particular os de Assis, que exprimem uma espiritualidade tangível e direta.

"A minha tarefa", disse Sorcinelli, "era contar visualmente um pontificado que sempre procurou construir pontes e não barreiras. As suas vestes tinham de falar a linguagem do encontro".

Para o Papa Francisco, a túnica nunca foi um símbolo de poder, mas um sinal de serviço e humildade. Longe das vestes barrocas de outros papas, sempre preferiu as linhas simples e os materiais naturais, mesmo nos contextos mais solenes.

Neste sentido, o Atelier Lavs soube interpretar não só as exigências cerimoniais, mas também a alma de um Papa que, com cada gesto, quis restituir à Igreja a centralidade do Evangelho, mesmo através do que vestia.

Filippo Sorcinelli e o Atelier Lavs: uma história de vinte anos de prestígio

Filippo Sorcinelli cresceu numa família de tecelões e bordadores em Jesi, desenvolvendo desde muito cedo uma profunda paixão pelos fios finos e pelas técnicas antigas de tecelagem.

Fundou o Atelier em 2002, depois de ter estudado arte sacra e tecelagem histórica no Museo del Tessuto em Prato, com o objetivo de combinar a riqueza da tradição litúrgica italiana com uma linguagem contemporânea, feita de materiais naturais preciosos e bordados feitos à mão.

Ao longo dos anos, o atelier tornou-se um ponto de referência para bispos e cardeais das principais dioceses europeias, para ordens religiosas como os Beneditinos de Subiaco ou os Frades Menores Capuchinhos, bem como para as solenes festas patronais de cidades como Assis, Ravena e Pádua.

Sorcinelli também foi o curador de paramentos feitos à medida para delegações diplomáticas do Vaticano em visita à América Latina e à Ásia.

Em 2018, o Museu Diocesano de Milão acolheu uma retrospetiva dedicada ao atelier e, em 2021, o Pontifício Instituto Litúrgico atribuiu a Sorcinelli o"Prémio Arte e Liturgia" pela inovação no campo dos paramentos sagrados, reconhecendo a sua capacidade de valorizar o rito com uma estética sóbria, atenta à beleza dos detalhes e ao significado espiritual de cada fio.

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