Portugal terá intercedido para agregar os países que estavam comprometidos com o cumprimento da meta, mas que tinham preocupações em relação aos prazos. E conseguiu estender o prazo para atingir a meta de 3,5% de 2032 para 2035.
Portugal terá desempenhado um "papel fundamental" a desbloquear a declaração final da 76.ª cimeira da NATO. De acordo uma fonte oficial portuguesa que preferiu não identificar-se em declarações à CNN Portugal, o país "protagonizou de forma muito informal" a solução que veio a ser encontrada, em articulação com secretário-geral da aliança, Mark Rutte, e com "vários aliados".
A mesma fonte indicou que foi pedido a Portugal que fizesse "algum tipo de facilitação informal junto de Espanha e de um outro conjunto de países que tinham também algumas posições em relação às novas metas de investimento de defesa".
De acordo com a CNN Portugal, vários países manifestaram algumas reservas em atingir as novas metas propostas devido aos compromissos internos, relacionados com restrições orçamentais. Até Portugal terá discordado, em alguns momentos da negociação, da meta estabelecida pelo secretário-geral.
Mas o maior obstáculo terá sido Espanha, que se recusou a chegar à meta dos 5% do PIB (3,5% em gastos de defesa e 1,5% em gastos relacionados com a segurança) proposta por Mark Rutte.
Nesse momento, a diplomacia portuguesa terá sido abordada no sentido de encontrar uma solução para viabilizar este acordo e chegar a uma solução que agradasse a todos.
Portugal terá intercedido junto dos países que estavam comprometidos com o cumprimento da meta, mas que tinham preocupações em relação aos prazos, para ajudar os 32 membros da NATO a estender o prazo para atingir a meta de 3,5% de 2032 para 2035.
Inicialmente, o secretário-geral apontou a meta de 2032, mas os países mais próximos da Rússia pediram para que o investimento estivesse concluído dois anos antes, em 2030.
Também ficaram de fora do acordo as subidas anuais fixas. Os aliados acordaram em apresentar um "plano credível" de aumentos, feito à medida das possibilidades e das necessidades de cada membro. Este foi um dos pontos "cruciais" para chegar a um consenso, escreve a CNN Portugal.
Montenegro confirma papel - ainda que "discreto" - de Portugal para chegar a solução conjunta
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, confirmou, à saída da reunião da cimeira da NATO, que Portugal desempenhou um papel, ainda que "discreto", para chegar a uma solução conjunta.
"Esta é uma cimeira onde os aliados assumem um período de dez anos para atingir, na área da Defesa, os gastos de 3,5% a que acresce 1,5% de forma indireta", anunciou Luís Montenegro.
Nem todos os aliados concordaram, assinalou, mas Portugal envolveu-se num "processo negocial intenso" com a "discrição" que lhe é característica.
Para que houvesse um "projeto credível" na aliança, Luís Montenegro falou com Mark Rutte para que houvesse "alguma flexibilidade, dado que o objetivo é ambicioso".
Nesse sentido, conseguiu-se um "alargamento de prazo" para atingir as metas e não haverá "tetos fixos de percentagens de incrementos anuais".
Além disso, Montenegro revelou que será introduzida "uma meta de revisão estratégica em 2029" para determinar os "alvos capacitários".
O primeiro-ministro reiterou que Portugal está comprometido com a meta da NATO, mas assegurou que as contas públicas permanecerão "equilibradas", descartando que seja necessário um orçamento retificativo para atingir este ano os 2% do PIB em defesa.