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Moção de censura do Parlamento Europeu deixa von der Leyen enfraquecida, mesmo com a vitória

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sorri antes de proferir um discurso sobre a preparação da Cimeira UE-China, a 8 de julho de 2025, no Parlamento Europeu
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sorri antes de proferir um discurso sobre a preparação da Cimeira UE-China, a 8 de julho de 2025, no Parlamento Europeu Direitos de autor  AP Photo
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De Sandor Zsiros
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A moção de censura contra Ursula von der Leyen põe em evidência a falta de transparência e de responsabilidade na sua liderança, de acordo com Alberto Alemanno, professor de direito comunitário. "Mais pessoas irão perguntar se ela é a pessoa certa para o cargo”.

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O Parlamento Europeu prepara-se para votar uma moção de censura contra a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mas as consequências políticas poderão ser significativas, independentemente do resultado, com a moção a reacender as preocupações sobre o seu estilo de liderança, falta de transparência e posicionamento político.

A moção foi apresentada pelo eurodeputado romeno Gheorghe Piperea e assinada por 77 membros de grupos políticos de direita, incluindo os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), os Patriotas pela Europa e o grupo Europa das Nações Soberanas.

No centro das suas críticas está a forma opaca como von der Leyen lidou com a aquisição da vacina Pfizer pela UE e a sua abordagem cada vez mais centralizada do poder.

Alberto Alemanno, professor de Direito Comunitário na HEC Paris, disse à Euronews que o significado da moção vai muito para além dos números no Parlamento.

"Esta moção de censura realça muitas das deficiências que os media e os observadores políticos têm apontado há algum tempo - o seu estilo presidencial, a centralização do poder e a sua opacidade", disse Alemanno.

O professor considera que, apesar de von der Leyen manter o apoio da maioria dos eurodeputados, os danos causados à sua imagem pública e à sua posição política serão duradouros.

"Cada vez mais cidadãos se perguntarão: será que ela é realmente a pessoa certa para liderar a UE em tempos tão turbulentos - negociando com uma potencial administração Trump ou desempenhando um papel fundamental nas negociações de paz Rússia-Ucrânia?", assinala.

Alemanno também observou que as preocupações sobre a liderança da presidente da Comissão não se limitam à extrema-direita. A sua gestão secreta das negociações sobre as vacinas e a sua falta de vontade de dialogar com os meios de comunicação social suscitaram críticas de todo o espetro político.

"Esta moção de censura está a funcionar como um para-raios para uma frustração mais ampla", acrescentou. "Reúne queixas de vários campos e destaca um desejo crescente de maior responsabilidade democrática".

Um alto funcionário da Comissão Europeia, que falou sob condição de anonimato, disse que a votação tinha sido amplamente discutida na sede do Berlaymont.

"Os funcionários vêem isto como um aviso. O seu estilo de liderança - extremamente centralizado e muitas vezes politicamente ambíguo - tornou-a vulnerável. Há a sensação de que se tornou prisioneira do seu próprio Partido Popular Europeu (PPE)", afirmou.

É altura de Von der Leyen realinhar a sua agenda

Von der Leyen e o PPE, de centro-direita, têm sido criticados nos últimos meses por terem aceite o apoio da extrema-direita em várias decisões parlamentares, rompendo com as tradicionais coligações centristas da UE, que envolvem socialistas, liberais e verdes.

Von der Leyen tem agora de realinhar a sua agenda de forma mais clara com os valores do partido", afirmou à Euronews um responsável do PPE.

"Ela deve tirar as consequências. Uma Comissão dominada pelo PPE deve refletir melhor a plataforma do PPE", disse a fonte.

O eurodeputado neerlandês Bas Eickhout (Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia) sugeriu que os danos causados por este episódio podem ir para além da própria von der Leyen.

"O que é claro é que a maioria centrista no Parlamento não está a funcionar bem e isso reflete-se não só em von der Leyen, mas também em Manfred Weber", disse Eickhout. "Em termos de imagem pública, Weber pode ter sofrido ainda mais."

Apesar do esperado fracasso da moção, os observadores políticos acreditam que irá intensificar o escrutínio da liderança de von der Leyen e limitar ainda mais a sua margem de manobra num segundo mandato.

"Ela não vai sair fortalecida", conclui Alemanno. "Mesmo que a votação falhe, a pressão para a responsabilizar só vai aumentar".

Isto vai colocá-la numa posição difícil, uma vez que o debate, a partir da próxima semana, se vai centrar no orçamento europeu, "que se espera que seja muito polémico dentro e entre os Estados-membros da União", disse.

"Até agora, até esta votação, von der Leyen podia contar com as duas maiorias baseadas na conveniência política", diz, referindo-se à tradicional plataforma centrista, por um lado, e às ligações com a direita, por outro.

Segundo o professor, quando von der Leyen fizer o discurso sobre o Estado da União no Parlamento, em setembro, será obrigada a escolher uma das duas maiorias na qual pode confiar.

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