A Rússia está a fazer uma investida de verão para romper a linha da frente de 1000 km do conflito, com os drones e mísseis russos a atingirem mais vezes as cidades ucranianas do que em qualquer outra altura nos últimos três anos.
As forças russas lançaram ataques com drones em várias regiões da Ucrânia durante a noite de terça-feira, elevando para cinco o número de mortos desde domingo, segundo as autoridades regionais.
Em Dnipro, um edifício de apartamentos, seis casas e uma escola foram danificados por destroços, mas não foram registados feridos.
Vários distritos da região circundante de Dnipropetrovsk foram também atingidos por drones do tipo Shahed e FPV, tendo ferido uma mulher de 63 anos no distrito de Nikopol, segundo o governador regional Serhii Lysak.
Em Zaporijia, uma mulher de 60 anos e um homem de 66 ficaram feridos durante os ataques russos contra o distrito de Polohy, segundo o governador Ivan Fedorov.
Um hangar e um edifício administrativo foram danificados no ataque a Zaporijia, informou a secretária da Câmara Municipal, Regina Kharchenko. Acrescentou ainda que também deflagrou um incêndio no telhado de um edifício residencial de vários andares.
Kharchenko referiu que o fogo foi rapidamente extinto e que não se registaram vítimas.
Uma mulher de 57 anos foi morta num ataque russo em Kharkiv, informou o governador regional Oleh Syniehubov. Nove outras cidades da região também foram atingidas, ferindo mais nove pessoas, incluindo duas crianças, acrescentou Syniehubov.
Doze pessoas ficaram feridas durante os ataques russos em Sumy, incluindo uma rapariga de 14 anos, informaram as autoridades regionais.
Uma universidade da cidade foi atingida por três drones russos, ferindo cinco funcionários e um estudante de 19 anos, segundo as autoridades. Um centro médico, carros e edifícios não residenciais também foram danificados.
A Rússia também lançou um ataque com mísseis contra a cidade de Shostka, na região de Sumy, danificando um centro médico e ferindo outra rapariga de 14 anos, informou a administração militar regional. Vários edifícios residenciais foram danificados.
Na segunda-feira, a Rússia afirmou que as suas forças tinham atacado instalações militares e industriais ucranianas, enquanto a Ucrânia informou ter repelido os ataques russos em várias frentes.
O Ministério da Defesa russo informou que, nas últimas 24 horas, as forças russas assumiram o controlo de duas aldeias no leste da Ucrânia, uma na região de Zaporijia e outra na região de Donetsk.
O ministério também afirmou que as forças de defesa aérea russas destruíram três bombas aéreas ucranianas e abateram 120 drones.
O ultimato de 50 dias de Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe da NATO, Mark Rutte, anunciaram na segunda-feira mais entregas de armas à Ucrânia. No acordo, os Estados Unidos ficam responsáveis pelo fabrico e venda do armamento que os países europeus ficarão de comprar para fornecer aos ucranianos.
Trump disse também que vai dar à Rússia 50 dias para chegar a um acordo de paz, ou enfrentar o que disse serem sanções económicas "muito severas".
Enquanto alguns acreditam que a imposição de tarifas rigorosas a Moscovo poderia ser um fator de mudança, o adiamento para setembro pareceu a outros demasiado longo, o que poderá afetar a eficácia do aviso.
A Rússia está a fazer um esforço de verão para romper a linha da frente de mil quilómetros do conflito, com os seus drones e mísseis a atingirem mais as cidades ucranianas do que em qualquer outro momento nos últimos três anos.
Para a Rússia, o adiamento de novas sanções por parte de Trump é um alívio. Konstantin Kosachev, um dos principais legisladores russos, comentou: "Tanta coisa que pode mudar tanto no campo de batalha como no estado de espírito daqueles que lideram os EUA e a NATO em 50 dias".
A televisão estatal russa salientou que a decisão de Trump traria um maior encargo financeiro para a Europa.
A Rússia detém atualmente cerca de 20% da Ucrânia. O esgotado exército ucraniano tem vindo a perder mais território, mas não há sinais de um colapso iminente da linha da frente, segundo os analistas.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, disse que falou com Trump após o anúncio do líder republicano na Sala Oval na segunda-feira, expressando gratidão pela decisão de enviar mais mísseis de defesa aérea Patriot, que são vitais para defender as cidades ucranianas.
"Discutimos... as medidas e decisões necessárias para proporcionar maior proteção às pessoas contra os ataques russos e reforçar as nossas posições", disse Zelenskyy no Telegram.
"Concordámos em falar mais vezes e coordenar os nossos passos no futuro".