Caso envolvia divulgação da identidade de agentes dos serviços secretos portugueses. António Costa, atual presidente do Conselho Europeu, foi ouvido como testemunha.
Em novembro de 2023, foi encontrada uma pen drive durante buscas ao escritório de Vitor Escária, chefe de gabinete do então primeiro-ministro português, António Costa. O dispositivo tinha uma lista de dados pessoais de agentes dos serviços secretos, da Polícia Judiciária e funcionários das Finanças.
A informação levou o Ministério Público a abrir um inquérito separado da Operação Influencer por suspeita de violação de segredo de Estado, que agora foi encerrado.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público explica, num comunicado, que a pen drive continha “dados da Segurança Social de diversas entidades e pessoas que exercem funções públicas” e em causa estaria o acesso e divulgação terceiros destes dados.
O DCIAP acabou por concluir que a informação foi extraída “da base de dados da Segurança Social em junho de 2019” por um “ex-funcionário dessa entidade”. Um acesso que, explica ainda o comunicado, já foi provado em processo distinto e que, por isso, não poderia voltar a ser julgado.
Segundo o Jornal Público, o ex-funcionário responsável pela fuga de informação é Marco Aragão, que teve acesso aos dados quando trabalhava na Segurança Social como inspetor estagiário. Aragão - que também foi condenado por ameaçar o presidente da República noutro caso – foi considerado inimputável e internado num hospital.
Em relação à forma como esta informação foi parar ao gabinete de Vítor Escária, nada ficou provado.
“Esgotadas as diligências possíveis, não se apurou a identidade de quem gravou esses dados na referida pen drive, de quem a entregou e se as pessoas que tiveram a sua posse acederam ao respetivo conteúdo ou, sequer, tinham conhecimento do mesmo”, refere o comunicado do DCIAP para justificar o encerramento.
O DCIAP diz ainda que foram constituídos dois arguidos neste caso. O então primeiro-ministro, António Costa, foi ouvido como testemunha.
O caso, aberto no fim do ano passado, foi revelado em janeiro pela revista Sábado. A revista falava em mais de 400 nomes, na “maior fuga de informação de dados pessoais relativa a cargos do Estado com funções sensíveis”.
Este inquérito autonomizou-se a partir da Operação influencer, cuja investigação continua a decorrer. O caso levou a buscas na residência oficial do primeiro-ministro e à detenção de cinco pessoas, entretanto libertadas. Em causa estão crimes relacionados com concessões de exploração de lítio e construção de centros de dados.
O caso envolvia pessoas próximas de António Costa, que acabou por se demitir do cargo de primeiro-ministro de Portugal.