O bloco adiou a decisão sobre os objetivos para 2040, que deveria ser tomada numa reunião ministerial esta semana, para uma cimeira de líderes em outubro.
Os ministros do Ambiente, que se reúnem esta quinta-feira (18 de setembro) em Bruxelas, estão a discutir as metas nacionais de emissões para 2035, que devem ser fixadas a nível da União Europeia antes da cimeira sobre o clima COP30, a realizar no Brasil, no fim deste ano, de acordo com uma nota de informação interna vista pela Euronews.
De acordo com responsáveis da União Europeia, a polémica decisão sobre o objetivo de emissões climáticas para 2040, que a presidência dinamarquesa pretendia que fosse tomada esta quinta-feira, já foi deixada para um ponto de discussão, uma vez que os países alegam que precisam de mais tempo para refletir sobre a questão.
A nota refere que os países estão agora a dividir-se em campos mais ou menos ambiciosos em relação a uma decisão sobre os objetivos nacionais para 2035, os chamados Contributos Determinados a Nível Nacional (CDN), que vão ser discutidos na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) na próxima semana, quando os líderes mundiais fizerem o balanço dos esforços climáticos antes da COP30.
De acordo com a nota, os países da União Europeia "menos ambiciosos em termos climáticos" pretendem reduções "mais próximas de 66% das emissões de gases com efeito de estufa" e que este objetivo siga uma trajetória linear entre 2030 e 2050.
Para os países da União Europeia considerados "mais ambiciosos", a preferência é ter uma "declaração indicativa" antes da AGNU, que começa a 23 de setembro, com um objetivo claro e ambicioso para 2035, "entre 66% e 72,5%", a partir de 2030, antes da meta de 90% proposta para 2040.
Esforços da UE no âmbito do Acordo de Paris
Nos termos do Acordo de Paris, os países apresentam ou atualizam os CDN de cinco em cinco anos. O CDN da União Europeia tem de ser atualizado para incluir o objetivo para 2035 e refletir objetivos intermédios, como o de 2040, a apresentar na COP30, em novembro.
Enquanto o CDN da União Europeia é formalmente adotado pelos países do bloco, a meta climática da União Europeia para 2040 vai ser adotada como uma alteração à Lei Europeia do Clima de 2021. No entanto, alguns países estão ansiosos por integrar ambas as metas ao mesmo tempo, argumentando que isso iria reforçar a capacidade da União Europeia para promover uma maior ambição a nível mundial na COP30.
"É improvável que uma decisão sobre uma abordagem geral [posição do Conselho] possa ser tomada apenas a nível do Coreper [representantes permanentes dos países] após o debate do Conselho Europeu em outubro, pelo que pode ser convocado um conselho extraordinário do ambiente antes da COP30 para adotar uma abordagem geral", acrescenta a nota.
Enquanto os Estados-membros continuam a debater-se sobre os esforços verdes do bloco no âmbito da diplomacia mundial, a presidência dinamarquesa rejeita uma situação de mãos vazias na AGNU e está a trabalhar em duas opções diferentes para colmatar a lacuna: a primeira, em que os CDN estariam num intervalo inferior, e a segunda, em que os CDN seriam separados do objetivo climático para 2040.
"Estamos a procurar orientações dos Estados-membros para um debate político e não uma abordagem geral [posição do Conselho]", disse um diplomata da União Europeia à Euronews, acrescentando que a presidência da União Europeia está a tentar encontrar uma forma de manter a Lei Europeia do Clima e os CDN ligados.
Defensora da ligação entre as metas de 2035 e 2040, a Dinamarca tentou pressionar uma votação na semana passada a nível ministerial, mas a Alemanha e a Itália apoiaram a França, empurrando a decisão para o Conselho Europeu de outubro, onde se vão reunir os chefes de Estado. Esta iniciativa foi apoiada por países como a Áustria, a Chéquia, Hungria, Letónia, Malta, Polónia, Roménia e a Eslováquia.
Mas países como a Chéquia, Hungria, Polónia e Eslováquia querem discutir o assunto com os chefes de Estado em outubro, na esperança de rever o objetivo de 90% proposto pelo executivo da União Europeia, de acordo com a carta, enquanto França, Alemanha e Itália pretendem uma discussão sobre as "condições-quadro" que permitam avançar com a proposta.