Cerca de cinco mil pessoas estiveram reunidas em frente à Assembleia da República para exigirem direitos para os imigrantes e contestarem as alterações pretendidas pelo Governo para as leis de estrangeiros e da nacionalidade. André Ventura agitou a ação essencialmente pacífica.
Foram mais de cinco mil as pessoas reunidas junto ao Parlamento português, em Lisboa na quarta-feira. São imigrantes e vieram de todo o país para defenderem os direitos humanos de quem vive e desconta em Portugal, mas ainda não tem nacionalidade ou residência permanente.
"Estou aqui desde 2022 até agora. Trabalho todos os dias, pago os meus impostos todos os meses" explicou um dos participantes. "Não tenho cidadania, não tenho o meu cartão de residência. Não posso ir a casa", reforçou aos jornalistas presentes no protesto.
A falta da documentação necessária é apenas um dos problemas que estes imigrantes denunciam.
Durante mais de duas horas de um protesto pacífico e sem incidentes, exigiram a emissão de documentos que garantam aos imigrantes o direito de trabalhar em Portugal, o direito ao reagrupamento familiar e a libertação dos imigrantes que foram "injustamente" detidos e colocados em centros de acolhimento temporário sem terem cometido qualquer crime, mas simplesmente por constarem do Sistema de Informação Schengen por terem estado noutro Estado-membro da União Europeia antes de chegarem a Portugal.
Além disto, questionam as alterações que o Governo pretende introduzir nas leis da nacionalidade e estrangeiros.
Lei dos estrangeiros "não pretende atacar ninguém"
O protesto teve como único momento de tensão a chegada de André Ventura, vaiado pelos presentes e alvo de palavras duras como "racista" e "xenófobo".
Por entre dezenas de pessoas com os ânimos mais exaltados, o líder do Chega garante que a nova lei dos estrangeiros "não pretende atacar ninguém nem perseguir ninguém" mas apenas ditar que quem entra em Protugal "deve cumprir as regras, mas acima de tudo, deve respeitar a democracia. Quando estas pessoas me insultam e não me deixam falar, não estão a respeitar a democracia".
"Devemos acolher o máximo de pessoas possível, e não uma invasão de pessoas que não conseguem sustentar-se, não têm meios de subsistência e querem que este país não tenha regras", afirmou.
As palavras não parecem convencer os participantes do protesto.
"Gostaria de perguntar a André Ventura: se alguém entrou em Portugal, tem um número de segurança social, tem um contrato de trabalho, paga impostos em Portugal, como pode ser ilegal? Não me parece. Acho que ele diz estas coisas para ganhar as eleições", afirmou um dos manifestantes.
O protesto foi convocado pela associação Solidariedade Imigrante, que fala num “clima de intimidação sobre quem trabalha e contribui para o país.