A política italiana foi detida na sequência de uma rusga ao Colégio da Europa, instituição que dirige desde 2020, depois de ter tido grande visibilidade em Roma e Bruxelas.
A detenção de Federica Mogherini, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de fraude levada a cabo pela Procuradoria-Geral da União Europeia, deixou Bruxelas e Roma surpreendidas.
Federica Mogherini é conhecida nos círculos diplomáticos, tem fortes ligações e desempenhou funções políticas de topo, incluindo a de ministra dos Negócios Estrangeiros de Itália, sob a direção de Matteo Renzi, e a de Alta Representante da União Europeia.
Atualmente é reitora do Colégio da Europa, uma instituição dedicada a estudos europeus, considerada uma plataforma de acesso a empregos na UE.
De jovem comunista a ministra social-democrata
Mogherini, nascida em 1973 em Roma, começou a sua atividade política ainda adolescente. Em 1988, aderiu à Federação da Juventude Comunista Italiana.
Após a dissolução do Partido Comunista Italiano, aderiu aos sociais-democratas, ou PD. Com o Partido Democrático Italiano, a sua carreira progrediu rapidamente: em 2008, tornou-se deputada ao parlamento nacional, com especial incidência nos assuntos externos.
A verdadeira descoberta veio em 2014, quando foi nomeada ministra dos Negócios Estrangeiros do governo de Matteo Renzi.
Diplomata-chefe da UE e foco no Irão
O seu mandato como ministra dos Negócios Estrangeiros não durou muito tempo; nesse mesmo ano, Renzi apresentou-a como candidata ao cargo de Alta Representante da Comissão Juncker.
Apesar da resistência dos Estados bálticos, preocupados com a sua política em relação à Rússia e com o aparente apaziguamento de Moscovo, foi nomeada Alta Representante em 2014, coordenando a política externa dos Estados-membros. Isto significa que tinha assento nas reuniões do Colégio da Comissão Europeia e que presidia ao Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE.
Como chefe da política externa, tornou-se uma referência nos círculos internacionais e o seu perfil aumentou quando representou a UE nas negociações do acordo nuclear com o Irão (JCPOA).
Colégio da Europa, uma incubadora de eurocratas
Após o termo do seu mandato, Mogherini foi nomeada reitora do Colégio da Europa em 2020, apesar das críticas sobre a sua falta de credenciais académicas para o cargo.
Na altura, Mogherini também enfrentou reações que invocavam um conflito de interesses, uma vez que o Colégio é financiado principalmente pela Comissão Europeia, o seu antigo empregador.
O Colégio, sediado em Bruges, é conhecido por ser um trampolim para os estudantes que procuram entrar nas instituições da UE e estabelecer contactos profissionais. É, de facto, um instrumento de soft power.
As propinas para um ano letivo completo ascendem a 30 000 euros.
Numa declaração enviada por correio eletrónico, o Colégio da Europa disse à Euronews que iria "cooperar plenamente com as autoridades no interesse da transparência e do respeito pelo processo de investigação".
Federica Mogherini não pôde ser contactada para comentar o assunto até à data da publicação.