Será que o gás natural se pode transformar no combustível que alimenta os motores dos navios de cruzeiro e de mercadorias? Quais são as vantagens e
Será que o gás natural se pode transformar no combustível que alimenta os motores dos navios de cruzeiro e de mercadorias? Quais são as vantagens e os inconvenientes?
Neste centro de investigação, em Copenhaga, na Dinamarca, está a ser desenvolvido um motor único. Alimentado com gasóleo e gás natural liquefeito (GNL), o motor foi desenhado para reduzir as emissões de gases como o dióxido de carbono e o óxido de nitrogénio. Para os cientistas que trabalham neste projeto europeu, as diferenças operacionais entre este motor e um convencional são muito poucas.
Michael Johnsen Kryger, engenheiro, MAN Diesel & Turbo:
“- Os operadores dos navios terão mais ecrãs para monitorizar no painel de controlo. A única função extra com que terão de se ocupar é carregar no botão “gás” quando desejarem.”
Para os cientistas, o maior desafio foi a criação de componentes com materiais novos para garantir um registo de segurança fiável do motor.
Michael Johnsen Kryger, engenheiro, MAN Diesel & Turbo:
“- O gás está a uma pressão de cerca de 300 bars. Temos um sistema de parede dupla que consiste num cilindro interior e num cilindro exterior. O cilindro exterior é ventilado e nós monitorizamos o fluxo, monitorizamos o gás para ver se há alguma fuga no sistema.”
E como é que os cientistas veem o que acontece no interior do motor quando o gás é injetado?
Johan Fredrik Hult, engenheiro, MAN Diesel & Turbo:
“- Nós usámos câmaras de alta-velocidade como esta, juntamente com um endoscópio como este, para observar o interior do motor. Agora percebemos melhor como é que o gás natural, que chega com uma pressão muito alta, é inflamado pelo piloto diesel no interior do motor. Desta forma podemos, por exemplo, otimizar o timing, os arranjos geométricos dos diferentes injetores de forma a inflamar o gás o mais eficientemente possível.”
Uma centena destes motores já foi vendida a armadores para equiparem as suas frotas. Os compradores acreditam que o investimento vai ser rentável, sobretudo porque o setor marítimo é cada vez mais regulamentado em termos ambientais.
Peter Andersson, United European Car Carriers:
“- Temos de pensar a longo prazo. Temos um navio que vai operar 25, 30 anos. E nesta eco-zona vamos deixar de poder queimar combustível com alto teor de enxofre, por isso é uma situação em que todos ficam a ganhar.”
Os cientistas olham agora em frente. A tecnologia já permite lançar no mercado motores alimentados exclusivamente a GNL. Mas faltam as infraestruturas e uma cadeia produtiva.
Lars R. Juliussen, coordenador do projeto Helios:
“- Temos que esperar por sistemas de armazenamento e fornecimento disponíveis em larga escala para o GNL. Quando isso acontecer, quando existir um abastecimento seguro e uma estrutura de preços igualmente segura e fiável, então as pessoas vão querer avançar para uma situação que é 100% gás.”
99% dos navios comerciais estão equipados com motores a gasóleo. O potencial de mercado para este motor é, por isso, enorme.