A alunagem do módulo privado Odysseus volta a colocar os Estados Unidos na liderança pela exploração espacial desde as missões Apollo da NASA.
Na quinta-feira, uma nave privada alunou na Lua pela primeira vez para os EUA em mais de 50 anos. Este é o primeiro passo para o nascimento de uma colónia na Lua.
A empresa privada norte-americana Intuitive Machines anunciou com sucesso o pouso lunar suave do seu módulo Odysseus, reivindicando ao mesmo tempo vários recordes. A missão tinha partido da Terra no sábado, 15 de fevereiro.
Foi relatado que o sinal logo após a alunagem foi bastante fraco, fazendo soar os alarmes no centro de controlo, mas ao fim de algum tempo o problema terá ficado resolvido. A empresa responsável pela missão cortou a transmissão ao vivo na Internet, logo depois de ter obtido o referido sinal da Odysseus depois da aterragem.
Apesar da comunicação irregular, a Intuitive Machines confirmou que a nave, em forma de uma cabine telefónica, pousou com sucesso na vertical na superfície lunar. Mas não forneceu mais pormenores, nomeadamente se o módulo tinha chegado ao local pretendido, um ponto de alunagem perto do pólo sul da Lua.
"O que podemos confirmar, sem dúvida, é que o módulo está na superfície da lua", informou o diretor da missão, Tim Crain, num momento de tensão no centro de controlo, em Houston.
O diretor executivo da Intuitive Machines, Steve Altemus acrescentou que "foi um roer de unhas, mas estamos na superfície e estamos a transmitir. Bem-vindos à Lua", exclamou.
Duas horas depois da alunagem, os dados começaram a chegar ao centro de controlo, de acordo com um anúncio da empresa.
A alunagem colocou os Estados Unidos de novo na liderança da corrida espacial, pela primeira vez desde as famosas missões Apollo da NASA, (uma delas levou os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin a caminhar na Lua pela primeira vez em 1969).
A aterragem de uma vida
A Intuitive Machines tornou-se também a primeira empresa privada a realizar uma alunagem, um feito conseguido apenas por cinco países. No mês passado, outra empresa americana, a Astrobotic Technology, tentou a proeza, mas nunca conseguiu chegar à Lua e o veículo despenhou-se de volta à Terra. Ambas as empresas fazem parte de um programa apoiado pela NASA para dar início à economia lunar.
A Astrobotic foi das primeiras a dar os parabéns. "Um feito incrível. Mal podemos esperar para nos juntarmos a vocês na superfície lunar num futuro próximo", disse a empresa através do antigo Twitter.
A Intuitive Machines "conseguiu a alunagem de uma vida", escreveu no Twitter o administrador da NASA, Bill Nelson.
As últimas horas antes da alunagem foram carregadas de _stress_quando o sistema de navegação a laser do módulo de alunar falhou. A equipa de controlo de voo da empresa teve de pôr em ação um sistema laser experimental da NASA, tendo o módulo de alunagem dado uma volta extra à Lua para dar tempo à mudança de última hora.
Com esta mudança, a Odysseus desceu de uma órbita lunar e autoguiou-se em direção à superfície, apontando para um local relativamente plano entre todos os penhascos e crateras perto do pólo sul.
À medida que a hora designada para a alunagem ia chegando, os controladores no centro de comando da empresa aguardavam ansiosamente um sinal da nave espacial a cerca de 250.000 milhas (400.000 quilómetros) de distância. Passados cerca de 15 minutos, a empresa anunciou que tinha recebido um sinal fraco do módulo de alunagem.
Lançado na semana passada, o módulo de alunagem de fibra de carbono e titânio - com uma altura de 4,3 metros - transportou seis experiências para a NASA. A agência espacial concedeu à empresa 118 milhões de dólares (109 milhões de euros) para construir e pilotar o módulo de alunagem, no âmbito do seu esforço para comercializar as entregas lunares antes do regresso previsto dos astronautas dentro de alguns anos.
Japão, Rússia, China e Índia na corrida
A entrada da Intuitive Machines é a mais recente de uma série de tentativas de alunagem por parte de países e empresas privadas que procuram explorar a Lua e, se possível, tirar partido dela. O Japão conseguiu um pouso lunar no mês passado, juntando-se aos triunfos anteriores da Rússia, EUA, China e Índia.
Os EUA abandonaram a paisagem lunar em 1972, depois de o programa Apollo da NASA ter colocado 12 astronautas na superfície. A Astrobotic, de Pittsburgh, tentou no mês passado, mas foi impedida por uma fuga de combustível que fez com que o módulo de alunagem mergulhasse de novo na atmosfera terrestre e se incendiasse.
O alvo da Intuitive Machines estava a 186 milhas (300 quilómetros) do pólo sul, a cerca de 80 graus de latitude e mais perto do pólo do que qualquer outra nave espacial já chegou. O local é relativamente plano, mas rodeado de rochas, colinas, penhascos e crateras que podem conter água congelada, o que constitui uma grande parte do atrativo. O módulo de alunagem foi programado para escolher, em tempo real, o local mais seguro perto da chamada cratera Malapert A.
O módulo de alunagem, movido a energia solar, deveria funcionar durante uma semana, até à longa noite lunar.
Para além das experiências tecnológicas e de navegação da NASA, a Intuitive Machines vendeu espaço no módulo de alunagem à Columbia Sportswear para fazer voar o seu mais recente tecido para casacos isolantes; ao escultor Jeff Koons para 125 mini figuras lunares; e à Embry-Riddle Aeronautical University para um conjunto de câmaras para captar imagens da descida do módulo.