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Noruega descobre falha de segurança nos seus autocarros fabricados na China

Autocarro Yutong, da operadora norueguesa de transportes públicos Ruter, teve o sistema de comunicações testado a 14 de agosto de 2025, em Sandvika, Noruega
Autocarro Yutong, da operadora norueguesa de transportes públicos Ruter, teve o sistema de comunicações testado a 14 de agosto de 2025, em Sandvika, Noruega Direitos de autor  Eilif Swensen/Ruter AS via AP Photo
Direitos de autor Eilif Swensen/Ruter AS via AP Photo
De AP com Euronews
Publicado a Últimas notícias
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A maior operadora da Noruega fez testes de segurança à sua frota de autocarros elétricos e descobriu que o construtor chinês destes veiculos tinha acesso aos sistemas de controlo dos veículos para atualizações de software e diagnóstico.

Um dos principais operadores de transportes públicos da Noruega, a Ruter, vai impor requisitos de segurança mais rigorosos e reforçar medidas contra pirataria informática, depois de um teste a novos autocarros elétricos de fabrico chinês ter mostrado que o fabricante podia desligá-los à distância.

A Ruter disse que os resultados, publicados na semana passada, mostraram que a chinesa Yutong Group tinha acesso aos sistemas de controlo para atualizações de software e diagnóstico. “Em teoria, isto pode ser explorado para afetar o autocarro”, afirmou.

Os testes, com autocarros conduzidos em minas subterrâneas para eliminar sinais externos, foram realizados tanto em veículos novos da Yutong como em veículos com três anos do fabricante neerlandês VDL, disse a empresa.

Os testes mostraram que os autocarros neerlandeses não tinham capacidade para fazer atualizações remotas de software (over-the-air), ao contrário dos de fabrico chinês.

A Yutong não respondeu de imediato a pedidos de comentário na quarta-feira.

O jornal The Guardian, que noticiou o caso, citou uma declaração da empresa chinesa segundo a qual afirma cumprir rigorosamente as leis e regras dos locais onde os seus veículos operam.

A declaração indica que os dados sobre os seus autocarros são armazenados na Alemanha.

O jornal citou ainda um porta-voz não identificado da Yutong, que afirmou que os dados estão encriptados e são “usados unicamente para manutenção, otimização e melhoria relacionadas com o veículo, para responder às necessidades de pós-venda dos clientes”.

Segundo o site da Yutong, a empresa vendeu dezenas de milhares de veículos na Europa, África, América Latina e região Ásia-Pacífico nas últimas décadas.

O estudo foi lançado, em parte, por receios de vigilância, numa altura em que muitos países na Europa, na América do Norte e noutras regiões estão a adotar medidas para proteger dados de consumidores e operações remotas.

Preocupações com controlo remoto de veículos elétricos

As conclusões mostraram que “o fabricante tem acesso digital direto a cada autocarro para atualizações de software e diagnóstico”, disse a Ruter, que afirma gerir metade dos transportes públicos da Noruega e opera em Oslo e na parte oriental de Akershus.

As preocupações com o controlo remoto de veículos elétricos não são novas: os reguladores dos Estados Unidos abriram em janeiro uma investigação à Tesla após existirem relatos de acidentes por causa do uso de tecnologia da empresa que permite aos condutores ordenar, através de uma aplicação no telemóvel, que o veículo volte para junto deles ou se desloque para outro local.

Os autocarros Yutong são conduzidos por pessoas; não são veículos sem condutor, como táxis e serviços de vaivém em locais como a Califórnia e a China.

“Após estes testes, a Ruter passa da preocupação para o conhecimento concreto sobre como podemos implementar sistemas de segurança que nos protejam contra atividade indesejada ou intrusões nos sistemas de dados do autocarro”, afirmou o diretor executivo, Bernt Reitan Jenssen.

Risco abrange “todos os tipos de veículos” com esta eletrónica

Na vizinha Dinamarca, a operadora Movia disse estar a rever avaliações de risco relativas a cibersegurança e espionagem em autocarros, bem como possíveis medidas para prevenir intrusões, uso indevido de dados e riscos de desativação dos veículos.

A Movia adiantou que as autoridades dinamarquesas não sinalizaram casos de desativação de autocarros, mas está a procurar formas de eliminar vulnerabilidades.

As novas conclusões foram apresentadas na conferência InformNorden sobre tráfego por assessores da Universidade do Sudeste da Noruega e mostraram que nem um hacker nem o fornecedor conseguem assumir o controlo do autocarro.

“Importa sublinhar que os assessores sénior noruegueses afirmaram que isto não é uma preocupação com autocarros chineses; é um problema para todos os tipos de veículos e dispositivos com este tipo de eletrónica incorporada”, disse a Movia por email.

Regras de segurança mais exigentes

As câmaras nos autocarros não estão ligadas à internet, pelo que “não há risco de transmissão de imagens ou vídeo a partir dos autocarros”, disse a Ruter, que tem mais de 100 autocarros Yutong na frota. Acrescentou que os veículos não podem ser operados remotamente.

Ainda assim, a Ruter disse que o fabricante consegue aceder, via rede móvel, ao sistema de controlo da bateria e da alimentação elétrica e isso significa que, em teoria, os autocarros “podem ser parados ou tornados inoperáveis pelo fabricante”.

A empresa norueguesa está a responder impondo regras de segurança mais exigentes em futuros concursos de aquisição, desenvolvendo firewalls que assegurem controlo local e impeçam intrusões, e a trabalhar com as autoridades em “requisitos claros de cibersegurança."

Está também a adotar medidas para atrasar os sinais recebidos, “para podermos ter visibilidade sobre as atualizações enviadas antes de chegarem ao autocarro.”

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