As autoridades sanitárias afirmam que a complacência em torno das vacinas de rotina pode facilitar a disseminação de informações incorretas.
De acordo com um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), é menos provável que as crianças europeias recebam as vacinas de rotina do que há cinco anos.
As imunizações contra o sarampo, a tosse convulsa, a poliomielite e a hepatite B permaneceram abaixo dos níveis pré-pandémicos na Europa e na Ásia Central em 2024, em grande parte devido a um sentimento de “complacência vacinal” que já está a causar um ressurgimento de doenças evitáveis, afirmou a agência.
No ano passado, quase 300.000 pessoas na região contraíram tosse convulsa, mais do triplo do que em 2023, segundo o relatório. Mais de 125.000 pessoas contraíram sarampo, a maior contagem de casos da região em mais de 25 anos.
“Não se trata apenas de números - são centenas de milhares de famílias em angústia porque os seus filhos estão doentes e isso poderia ter sido evitado”, afirmou Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa, em comunicado.
Mais de metade dos 53 países da região registaram taxas de vacinação abaixo do nível necessário para evitar surtos de sarampo, papeira, rubéola, difteria, tosse convulsa e tétano.
Os especialistas em saúde apontam frequentemente a hesitação em vacinar para explicar por que razão mais pais estão a optar por não vacinar os seus filhos.
Mas Regina De Dominicis, que dirige o trabalho da UNICEF na Europa e na Ásia Central, referiu, em vez disso, a complacência vacional, que ocorre quando os pais acreditam que os riscos de doenças evitáveis são baixos e, por conseguinte, não vêem razão para vacinar os seus filhos.
“A geração atual não testemunhou o impacto devastador das doenças evitáveis por via da vacinação, o que leva à complacência e facilita a disseminação da desinformação”, afirmou De Dominics.
Melhorias em algumas vacinas mais recentes
É de salientar que os europeus não estão a recusar todas as vacinas da mesma forma. Nos últimos cinco anos, as crianças e os jovens passaram a ter mais probabilidades de receber vacinas que protegem contra o papilomavírus humano (HPV), o rotavírus, a pneumonia e a meningite.
Vários países introduziram estas vacinas nos últimos anos, o que se espera que ajude a reduzir as taxas de infeções por HPV e o cancro do colo do útero que lhes está associado, bem como as hospitalizações de crianças devido a doenças bacterianas, pneumonia e diarreia induzida por rotavírus, afirmou a OMS.
Para aumentar as taxas de imunização de rotina, as autoridades sanitárias apelaram aos países para que reforcem os seus sistemas de saúde, assegurem que as vacinas estejam amplamente disponíveis e combatam a desinformação sobre as vacinas.
“As comunidades devem ser capacitadas com informações fiáveis, para que os pais possam vacinar os seus filhos com confiança”, afirmou Kluge.