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A insónia crónica pode acelerar o envelhecimento do cérebro. Mas até que ponto?

Um homem idoso não consegue adormecer.
Um homem idoso não consegue adormecer. Direitos de autor  Canva
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De Gabriela Galvin
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Um investigador afirmou que o sono não tem só a ver com descanso, tem a ver com resiliência cerebral.

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A insónia crónica pode prejudicar mais do que o seu ritmo de sono - ela pode acelerar o envelhecimento cerebral, segundo uma nova pesquisa.

As pessoas com insónia crónica, ou que têm dificuldade em dormir pelo menos três noites por semana durante três meses ou mais, têm 40% mais probabilidades de desenvolver demência ou problemas cognitivos ligeiros do que as pessoas que dormem normalmente, de acordo com o estudo publicado na revista Neurology.

Isto traduz-se em 3,5 anos adicionais de envelhecimento do cérebro, segundo o estudo.

Os resultados "juntam-se a um conjunto crescente de provas de que o sono não tem apenas a ver com o descanso - tem também a ver com a resiliência do cérebro", afirmou num comunicado Diego Z. Carvalho, um dos autores do estudo e neurologista da Clínica Mayo, nos EUA.

A equipa de Carvalho acompanhou 2.750 idosos americanos cognitivamente saudáveis durante uma média de quase seis anos. Os participantes - 16% dos quais foram diagnosticados com insónia - foram submetidos a testes regulares de memória e raciocínio, e alguns fizeram exames ao cérebro.

Em geral, 14% das pessoas com insónia desenvolveram demência ou deficiência cognitiva ligeira, em comparação com 10% das pessoas sem insónia. As pessoas com insónia crónica também registaram declínios mais acentuados nos testes de raciocínio ao longo dos anos.

"Assistimos a um declínio mais rápido das capacidades de raciocínio e a alterações no cérebro que sugerem que a insónia crónica pode ser um sinal de alerta precoce ou mesmo um fator que contribui para futuros problemas cognitivos", afirmou Carvalho.

Os resultados mantiveram-se mesmo depois de os investigadores terem tido em conta factores como a idade, a hipertensão arterial, a apneia do sono e o uso de medicamentos para dormir.

No entanto, os investigadores não provaram que a insónia causa problemas de saúde cerebral, apenas que os dois estão relacionados. Serão necessários mais estudos para compreender exatamente por que razão parecem estar ligados.

O estudo também concluiu que a insónia crónica parece afetar mais a saúde cerebral de algumas pessoas do que de outras.

Os participantes que afirmaram dormir menos do que o habitual apresentavam mais hiperintensidades da substância branca, ou pontos brilhantes nos exames cerebrais que indicam danos, e placas amilóides, ou proteínas que se podem acumular no cérebro e que têm sido associadas à doença de Alzheimer.

Os seus níveis de placas amilóides eram semelhantes aos normalmente observados em pessoas portadoras da variante do gene APOE4, que aumenta o risco de Alzheimer, segundo o estudo.

Os participantes com a variante APOE4 também registaram maiores declínios na memória e nas capacidades de pensamento.

"Os nossos resultados sugerem que as insónias podem afetar o cérebro de diferentes formas, envolvendo não só as placas amilóides, mas também os pequenos vasos que fornecem sangue ao cérebro", afirmou Carvalho.

Os resultados são os mais recentes a encontrar uma ligação entre o sono e a saúde do cérebro. A insónia crónica e a má qualidade do sono também aumentam o risco de hipertensão arterial, doenças cardíacas, diabetes, depressão e obesidade.

A demência afeta cerca de 57 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A insónia afeta cerca de 16,2 por cento das pessoas nos países com dados de qualidade disponíveis.

O estudo mais recente "reforça a importância do tratamento da insónia crónica, não só para melhorar a qualidade do sono, mas também para proteger a saúde do cérebro à medida que envelhecemos", afirmou Carvalho.

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