O exército israelita demoliu, esta quarta-feira, a casa do palestiniano que, em outubro, atropelou mortalmente um bébé e uma mulher numa paragem de elétricos de Jerusalém-leste.
A ação punitiva com explosivos, deixou dezenas de pessoas sem casa, a maioria familiares de Abdelrahmane Shalodi, o autor do ataque, quando as autoridades notificaram outras três famílias da demolição dos seus alojamentos.
Trata-se da primeira vez, desde 2009, que o exército recorre a este tipo de ações de represálias na cidade, contra os responsáveis dos últimos ataques que incluem a ação de terça-feira que vitimou cinco pessoas numa sinagoga.
Numa das estações da linha de elétrico que une a parte ocidental e oriental da cidade uma habitante afirma:
“Não me sinto segura e antes de sair de casa penso sempre duas vezes. Queria sair com a minha filha mas tive que deixá-la em asa. Estamos aterrorizados. Não podemos estar calmos e espero que isto não seja apenas o início”.
Outra residente afirma:
“Eu sinto-me segura pois há muita polícia que está a fazer o seu trabalho. Ao início tinha receio de vir até aqui mas quando vi a polícia, senti-me mais calma, sei que observam tudo o que se passa”.
Um sentimento que contrasta com a insegurança manifestada pelos palestinianos de Jerusalém-leste, palco de incidentes quase quotidianos entre a polícia e jovens ativistas.
“O problema é a polícia. Trabalham com o governo para discriminar árabes de judeus e para fazer com que as pessoas saiam de Jerusalém. Mas isto não vai acontecer. As nossas vidas e o nosso trabalho estão aqui, e façam o que façam não vão conseguir que abandonemos este território”, afirma um residente de Jerusalém leste.
Desde o ataque de terça-feira, que provocou a morte de quatro rabis e um polícia dentro de uma sinagoga, que a tensão no terreno ameaça derrapar para um enfrentamento religioso.
As autoridades de Jerusalém leste anunciaram entretanto a construção de 78 novos alojamentos em dois colonatos de Jerusalém-leste, uma decisão que ameaça inflamar ainda mais a tensão no terreno.