Turquia: Tribunal solta editor de jornal com a mira apontada a Güllen

Turquia: Tribunal solta editor de jornal com a mira apontada a Güllen
De  Francisco Marques

A Turquia prepara-se para pedir aos Estados Unidos a extradição do clérigo islamita e opositor do governo, Fethullah Gülen, sob acusação de alegada

A Turquia prepara-se para pedir aos Estados Unidos a extradição do clérigo islamita e opositor do governo, Fethullah Gülen, sob acusação de alegada associação terrorista. Um tribunal anunciou esta sexta-feira ter aceitado o pedido do Procurador-Geral de Istambul para emitir um mandato de captura contra o clérigo islamita que reside nos Estados Unidos há mais de 15 anos.

Esse mandato, ao abrigo de um acordo geral neste sentido assinado entre os dois países, deverá conduzir ao pedido de Ankara a Washington para a extradição de Güllen, um antigo aliado do atual Presidente turco e atual opositor do regime em vigor na Turquia.

O clérigo islamita é um dos responsáveis do grupo de comunicação Samanyolu, do qual fazem parte o jornal diário Zaman e a estação de televisão STV, que terão dado eco de uma reportagem e várias notícias, em 2013, sobre um caso de corrupção ao mais alto nível na Turquia e que motivou a queda de quatro ministros do executivo do então ainda primeiro-ministro Erdogan.

O Governo de Ankara terá alegado provas de acusação contra várias pessoas ligadas a este grupo de comunicação, por alegada associação a grupo terrorista. Isso levou à prisão de quase 30 pessoas, entre elas o editor chefe do Zaman e o diretor executivo da STV.

Com muitos apoiantes da oposição a Erdogan em protesto junto ao Palácio da Justiça de Istambul, o editor do jornal, Ekrem Dumanli, embora não absolvido, foi libertado esta sexta-feira ao lado de sete polícias suspeitos de corrupção. O jornalista vai aguardar julgamento em liberdade.

“Nós fomos interrogados pelo Procurador durante toda a noite. No final, perguntei-lhe se o motivo do tratamento a que fomos expostos por vários dias eram aqueles dois artigos e uma reportagem? Ele disse que ‘sim’”, relatou Dumanli, ao microfone, perante a multidão de manifestantes, que apupou a alegada resposta do Procurador.

Menos sorte teve o diretor executivo da televisão. Hidayet Karaca vai aguardar julgamento atrás das grades e não calou a sua revolta, gritando repetidamente para as câmaras de televisão que “a imprensa livre não pode ser silenciada.”

Estados Unidos e União Europeia já revelaram desconfiança das acusações do Governo turco contra estes meios de comunicação e apelou a Ankara para não colocar pressão sobre a liberdade de imprensa.

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