Para além da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o Comité Paralímpico Internacional e a Federação Internacional de Tiro (ISSG) saíram da SportAccord e a associação de federações internacionai
É a debandada na SportAccord na sequência dos ataques que o presidente desta união de federações desportivas internacionais fez ao Comité Olímpico Internacional (COI).
Para além da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), o principal patrocinador da SportAccord, o Comité Paralímpico Internacional e a Federação Internacional de Tiro (ISSG) saíram da SportAccord e a associação de federações internacionais de desportos de verão olímpicos (ASOIF) suspendeu os seus laços com a organização.
Esta foi apenas parte da resposta aos ataques que o presidente da SportAccord, Marius Vizer, fez ao COI e ao seu presidente, Thomas Bach, na abertura da convenção anual da SportAccord, em Sochi, na Rússia.
“Sr. Presidente (Bach), pare de bloquear a estratégia da SportAccord na sua missão de identificar e organizar convenções e eventos multidesportivos”, afirmou Vizer.
O também presidente da Federação Internacional de Judo (IJF) foi ainda mais longe: “O sistema do COI expirou, está ultrapassado, é errado, injusto e não é de todo transparente”.
A FIFA, a federação de atletismo e a de natação estão entre as 15 organizações internacionais que subscreveram uma carta a criticar as palavras de Vizer e de apoio à política seguida pelo COI.
Vizer tem tentado criar – até agora sem sucesso – os “United World Games”, que seriam concorrentes dos Jogos Olímpicos.
O duelo com COI foi naturalmente o centro da entrevista exclusiva de Joe Allen ao presidente da SportAccord.
euronews: Presidente Vizer, o seu discurso de abertura caiu como uma bomba na assembleia geral da SportAccord. Foi como uma declaração de guerra aberta ao COI e ao presidente Bach. Porquê e porquê agora?
Marius Vizer: “Só enviei uma mensagem ao mundo do desporto. Não era dirigida a uma pessoa ou a uma organização em particular. Exprimi o que é a realidade do desporto hoje. O COI – que é considerada como a maior organização, instituição, sistema ou o que quiser, desportiva – é ou quer assumir o papel de líder do desporto mundial. Todos nós respeitamos e reconhecemos o olimpismo e os Jogos Olímpicos. Mas, por detrás disso tem de existir um verdadeiro sistema”.*Entre os atletas e as suas aspirações olímpicas estão as federações. Elas são parte do problema ou da solução? Onde é que as federações encaixam nisto tudo? * “Digo o que se passa na realidade porque vivo nesta família há muitos anos. Na verdade é a voz das federações internacionais e eu limitei-me a exprimir – num dia, numa mensagem global – aquilo que é a sua voz. Mas, o COI, em vez de analisar o conteúdo daquilo que disse – o que é verdade e o que não é; qual é o passo seguinte a corrigir – e oferecer uma visão clara, decidiu colocar pressão em algumas federações internacionais para que reagissem, na minha opinião, de uma forma que não foi a correcta”.
Momentos após o seu discurso, a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) saiu da SportAccord e fez parte das 15 federações, incluído a FIFA e a de natação, que assinaram uma carta em que discordam dos seus comentários e do seu tom. Tem algum apoio das federações? Estava à espera desta reacção?
“Estou muito contente com o que disse porque o que digo é verdade e ninguém pode travar isso. No desporto, temos de fazer uma distinção entre os que vivem para o desporto e os que vivem do desporto. Para os que vivem do desporto, em maior ou menor grau, é muito atractivo e muito interessante defender o sistema porque as virtudes do sistema, o COI, tem muitos tentáculos apontados em diferentes direcções. Portanto, a questão é muito simples: queremos limpar a história ou encobrir a história?”Foi reeleito, sem adversário, por estas federações, para quatro anos de mandato. Que irá fazer se mais federações decidirem seguir o caminho da IAAF e baterem com a porta? Se não o seguirem na reforma estrutural que quer fazer no COI, o que é que isso vai implicar para si e para a SportAccord?
“Fui soldado, a minha vida foi longa e difícil até agora e tive sempre diferentes versões para as minhas estratégias. Pode ter a certeza que estou preparado para o segundo e o terceiro passo, não apenas com discursos, mas também com acções e estratégias”.*Referiu a soma impressionante de 450 milhões de dólares gastos no canal olímpico de televisão e também falou no custo das cerimónias de abertura e de encerramento. Os seus principais diferendos com Bach e com o COI parecem ser apenas por causa de dinheiro. * “A questão está em conseguir limpar o sistema e torná-lo justo em benefício do desporto. Não ter um sistema que se defende a si próprio e um grupo específico de líderes ou senadores do desporto, porque nem nós precisamos nem o desporto precisa disso. Não me interessa se algumas pessoas estão com medo de dizer isso, mas eu digo-o: não precisamos de cardeais no desporto; não precisamos de papas. Precisamos de líderes justos”.