A reintrodução da pena de morte na Hungria regressa à atualidade política pela mão do primeiro-ministro. Depois de chocar os parceiros europeus no
A reintrodução da pena de morte na Hungria regressa à atualidade política pela mão do primeiro-ministro. Depois de chocar os parceiros europeus no mês passado, ao propor a discussão deste tema nas instituições da UE, Viktor Orbán voltou à carga durante uma entrevista a uma rádio nacional na sexta-feira. Durante a semana tinha assegurado ao presidente do parlamento europeu que o seu governo não tinha planos para reintroduzir a pena capital no país:
“Queremos criar uma opinião pública na Europa que manifeste a vontade de devolver a soberania aos parlamentos nacionais relativamente à questão da pena de morte. Esta decisão foi retirada aos Estados. A proibição da pena de morte foi inscrita nos mais importantes documentos legais. Eu penso que cada estado-membro deveria ser soberano nesta matéria.”
As declarações precedentes de Viktor Orbán tinham motivado uma sessão especial da comissão de Liberdades Civis do parlamento europeu. Em Bruxelas, o tom foi bastante crítico.
“Viktor Orbán não defende nada. Ele ataca quase tudo. Agora relança o debate sobre a pena de morte e inscreve a Hungria no sentido contrário ao da História. Esta é a verdade. A ameaça da pena de morte nunca travou a pulsão criminosa. A justiça não é justa se for igualmente criminosa” – declarou o eurodeputado belga Louis Michel.
A erosão da popularidade do primeiro-ministro e o apoio crescente que o partido de extrema-direita, Jobbik, parece granjear estão na origem deste discurso de Viktor Orbán, como explica o correspondente da euronews em Budapeste, Attila Magyar:
“O chefe do executivo sabe que é impossível reintroduzir a pena de morte no país mas ao manter o tema na agenda política pode recuperar algum apoio. As sondagens apontam que quase metade da população concorda com o regresso da pena capital. Viktor Orbán encarna assim o papel do defensor da soberania húngara.”