"Saudamos a UE por contribuir com 60 milhões de euros para a luta contra o tráfico de drogas na Bolívia, Evo Morales, Presidente da Bolívia

"Saudamos a UE por contribuir com 60 milhões de euros para a luta contra o tráfico de drogas na Bolívia, Evo Morales, Presidente da Bolívia
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A Bolïvia conseguiu reduzir a pobreza. Evo Morales, o primeiro presidente indígena a governar o país, assumiu, este ano, o seu terceiro mandato

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A Bolïvia conseguiu reduzir a pobreza. Evo Morales, o primeiro presidente indígena a governar o país, assumiu, este ano, o seu terceiro mandato consecutivo. Em 2020 ele será o chefe de Estado que mais anos governou este país sul-americano.

Euronews:

Como vê as relações entre a União Europeia e a América Latina? Há quem diga que houve um distanciamento nos últimos anos.

Evo Morales:

Sinto que nunca houve uma política de entendimento entre os dois continentes. Mas os tempos são outros, são tempos de mudança. Os nossos povos precisam de mudanças profundas, para o seu bem. Eu não aceito a emigração. Discordo que se deva migrar porque, o mais importante para nós, é a forma como podemos construir, juntos, uma cidadania universal. Segundo os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações, há mais europeus a chegarem à América Latina e ao Caribe do que o inverso. Nós, latino-americanos, nunca aprovámos leis para expulsar os europeus, não construímos prisões para os mal-amados imigrantes. Mas não vemos a mesma resposta da Europa.

Euronews

Que objetivos tem para este terceiro mandato?

Evo Morales

Quero dotar o meu país de quatro pilares para a economia nacional. Estamos bem em relação aos hidrocarbonetos, quero exportar energia, quero que a Bolívia seja a força motriz da América do Sul. Felizmente tudo corre bem. Também quero começar a rentabilizar a exploração mineira e agropecuária.

Euronews:

O seu país aspira ser membro do Mercado Comum do Sul? Quando é que a Bolívia terá voz no Mercosul?

Evo Morales:

Sim, temos esperança de fazer parte do Mercosul, mas queria uma negociação conjunta, sem imposições ou interesses regionais. O único interesse que deve prevalecer é uma solução para a pobreza, a fome, a desigualdade entre os nossos povos. O que significa isso? Um comércio baseado na complementaridade e não na competição.

Euronews:

Porque acha que não se consegue um acordo entre a UE e o Mercosul?

Evo Morales:

Há algumas imposições ou chantagem por parte da União Europeia. Eles são responsáveis pelo comércio baseado na competitividade, no mercado livre, no livre comércio. E nós dizemos não. Quem são os mais beneficiados num comércio competitivo? As grandes multinacionais, não as pessoas. Por isso, deve haver participação dos Estados no comércio, num comércio de solidariedade, de complementaridade, de partilha. Para além disso, é preciso impulsionar os produtos orgânicos e ecológicos para o bem da vida.

Euronews:

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Há alguns dias foi apresentado um relatório, do Observatório Europeu da Droga, que dizia que grande parte da cocaína, consumida na Europa, vem de países como a Bolívia, Colômbia e Peru. O que é que o seu governo está a fazer para combater o narcotráfico?

Evo Morales:

O nosso modelo de luta contra o tráfico de drogas foi reconhecido pela UE e pelas próprias Nações Unidas. Agora, falta-nos tecnologia. Se a Bolívia tivesse um radar seria um país modelo na luta contra o narcotráfico. Mas saudamos a UE por contribuir com 60 milhões de euros para a luta contra o tráfico de drogas na Bolívia. É uma contribuição incondicional, não é chantagem, e que valoriza o esforço feito pelo governo boliviano.

Euronews:

Uma questão sobre o assassinato de mulheres, que foi debatido no Parlamento Europeu, há alguns dias, e as Nações Unidas também expressaram preocupação em relação ao número de assassinatos registados na Bolívia. Por que há tão poucas condenações? O que pode fazer para proteger melhor as mulheres?

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Evo Morales:

Antigamente, quando não havia leis contra estes assassinatos muito poucas mulheres os denunciavam. Havia muitos assassinatos mas estavam escondidos, agora que há denúncias parece que o número de assassinatos de mulheres aumentou, mas na verdade está a diminuir.

Euronews:

Sim, mas as condenações são poucas, é preciso trabalhar mais com a justiça, o que acha?

Evo Morales:

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Estamos a preparar uma cimeira e, talvez, um referendo. Pôr ordem na justiça boliviana. Há separação de poderes e, com essa separação, às vezes é impossível, enquanto órgão executivo, exigir que se faça determinada coisa, no entanto, é uma obrigação o povo decidir, através do voto, como fazer uma profunda transformação, uma revolução, dentro justiça boliviana.

Euronews:

Como vê o escândalo na FIFA? É um adepto de futebol, como tal, o que pensa da crise na FIFA?

Evo Morales:

O futebol mundial deixa muito a desejar… O futebol é património da Humanidade. Não pode ser um negócio para alguns dirigentes do futebol mundial. Rejeitamos e condenamos a corrupção no futebol mundial. Por isso, o futebol não pode ser privado, da FIFA, sinto que deve haver participação dos Estados para evitar escândalos como este.

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