Portugal: Eleições legislativas rumo à instabilidade política?

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As eleições legislativas em Portugal estão mergulhadas numa grande incerteza, dado o grande número de indecisos. Mais de 20% dos eleitores ainda não

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As eleições legislativas em Portugal estão mergulhadas numa grande incerteza, dado o grande número de indecisos. Mais de 20% dos eleitores ainda não sabe em quem votar e, provavelmente, a maioria vai abster-se.

Certo é que o duelo é entre Pedro Passos Coelho, o atual primeiro-ministro e líder do PSD e António Costa, o dirigente socialista. A diferença é mínima embora as sondagens atribuam uma ligeira vantagem a Passos Coelho.

O atual primeiro-ministro recuperou terreno posicionando-se ao centro e acusando o seu rival de se radicalizar, mas a maioria absoluta é pouco provável e, se ganhar, poderá ter que governar em minoria por falta de outros parceiros à direita, para além do CDS-PP de Paulo Portas.

Em contra-ataque, António Costa diz aos portugueses que “os conservadores tentam manter-se no poder sob o pretexto da estabilidade, mas foram eles que puseram em prática políticas que desestabilizaram os cidadãos, as famílias e as empresas”. Mas Costa também não terá melhores apoios para formar um governo.

Os partidos parlamentares à esquerda do PS – o Bloco de Esquerda e a coligação CDU (Partido Comunista/Verdes) rejeitam a ideia de apoiar um governo liderado por Costa.

Jerónimo de Sousa tem sido muito claro:
“Um Partido Socialista, um governo do PS que defendia já no PEC IV o corte dos salários e das pensões, como é que poderia exigir ao PCP que votasse a favor?”.

Como vão votar os jovens? Qual será a taxa de participação e de abstenção? São as grandes dúvidas que pairam sobre o resultado desta eleição legislativa que os analistas prevêm possa deixar o país numa situação política difícil.

Joaquim Vieira: Propostas de Passos Coelho e António Costa “são muito idênticas”

A partir de Lisboa, o jornalista e analista político, Joaquim Vieira, dá-nos a sua visão do que pode acontecer.

Maria Barradas, euronews: O que é que os portugueses esperam desta eleição?

Joaquim Vieira: Eu acho que, basicamente, os portugueses esperam um governo que possa retirá-los deste período de quatro anos passados de crise, de austeridade, de cumprimento de um resgate financeiro, que foi difícil e doloroso para toda a sociedade e, portanto, que a partir de agora haja uma estabilidade e uma maneira de conseguir maior desenvolvimento, progresso, e crescimento económico”.

e: A escolha será entre um governo liderado por Pedro Passos Coelho ou António Costa. Quais são as principais diferenças nas propostas dos dois candidatos?

J.V: As propostas até são muito idênticas, ambos subscrevem, por exemplo, o pacto orçamental dos países da zona euro, e, portanto, no quadro macro-económico geral não haverá certamente muita diferença, embora se possa dizer que da parte do Partido Socialista talvez haja uma maior sensibilidade social para a resolução de algumas questões, mas, de qualquer maneira, há limites muito rígidos sobre a maneira como as políticas podem ser aplicadas. Enquanto à direita temos uma coligação – que esteve no governo até agora – essa coligação é mais realista, digamos assim, na aplicação das polícitas -; que à esquerda, da parte do PS, se basseiam mais em cenários de crescimento económico, de desenvolvimento, que poderão, eventualmente não se cumprir.”

e: Quais são os cenários políticos possíveis? O que pensa que pode acontecer?

As perpspetivas que existem é que provavelmente nenhuma das forças políticas candidatas atingirá a maioria absoluta. O que vai acontecer é que provavelmente teremos um cenário de instabilidade política eventualmente com acordos no parlamento, acordos específicos para aprovação de certas medidas, por exemplo, poderá existir uma maioria de esquerda – é um dos cenários possíveis – mas eu não estou a ver que seja possível formar um governo, porque entre o PS e as outras forças políticas à esquerda há um abismo, digamos asssim, que os divide, para não ir mais longe, concretamente em relação às políticas europeias”.

e:Mas acha que há uma margem de manobra para que possa haver um governo, ou o país pode, de repente, ficar ingovernável?

Eu acho que em democracia há sempre soluções e, portanto, não acredito que o país possa ficar ingovernável. Estes acordos de incidência parlamentar poderão, por exemplo, ser apenas realizados a curto prazo à espera que haja novas eleições. Simplesmente as novas eleições não poderão ocorrer para já, porque vamos ter eleições presidenciais em Janeiro e, portanto, se de facto não houver uma situação de estabilidade com o parlamento que sair das eleições de domingo, é quase certo que possamos ter eleições daqui a um ano. Agora, também é verdade que nenhum partido quer assumir o ónus por si próprio de derrubar o governo que estiver, porque sabe que isso se paga em custos eleitoriais”.

Esta possibilidade que não haja uma maioria explicita após estas eleições, pode ser interpretada como? Significa que os portugueses estão satisfeitos com as políticas desenvolvidas nos últimos quatro anos, ou, ao contrário, não vêm alternativa nas propostas da oposição?

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J.V: Eu diria que os portugueses não estão satisfeitos. Este programa de austeridade teve alguma dureza e, por isso, causou descontentamento. Simplesmente, não vendo, digamos assim, razões para votarem na atual coligação que ocupa o governo, também não encontraram ainda razões para mudarem o seu voto para o PS. É bem possível que o nível de abstenção continue bastante elevado, justamente espelhando esse descontentamente e insatisfação que os portugueses têm em relação aos partidos atuais e ao atual espetro político que se apresenta a eleições”.

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