Autoeuropa produziu em Portugal veículos Volkswagen com dispositivo ilegal

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De  Euronews
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Lusa — A SIVA, representante da Volkswagen, Audi e Skoda em Portugal, admitiu que a Autoeuropa produziu carros com dispositivos que falseiam os resultados das emissões de gases poluentes, o problema que está na base do recente escândalo global que abalou o grupo alemão.

O Jornal de Negócios noticia esta quarta-feira que o proprietário de um automóvel Volkswagen Sciroco, de 2009, produzido na fábrica de Palmela, fez um teste na plataforma disponibilizada pela marca alemã e confirmou que o carro confirmou integrar ‘software’ que manipula os níveis de emissões poluentes.

A administração da Autoeuropa não respondeu às questões do Jornal de Negócios mas, quando confrontada com o teste, a SIVA esclareceu: “tanto quanto sabemos da Volkswagen AG, existem outros modelos afetados, os modelos da Volkswagen que sugerem [Eos, Scirocco e Sharan]”.

O escândalo relacionado com a manipulação das emissões de gases poluentes pela Volkswagen tem proporções mundiais e em Portugal existem 94.400 veículos afetados. Desde terça-feira que os clientes portugueses da Volkswagen podem saber se o seu carro vai ou não ser chamado às oficinas da marca.

A SIVA colocou à disposição dos proprietários uma aplicação na sua página de internet que, através do número de série do quadro, diz se o automóvel está ou não afetado.

Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa está apreensiva

A Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa está “apreensiva”, mas espera que a fraude nos veículos do grupo alemão Volkswagen não trave os investimentos em curso na fábrica de Palmela. “Estamos a viver este momento com alguma apreensão e a aguardar com grande expetativa as decisões que deverão ser hoje (7 de outubro) anunciadas pela Volkswagen, mas acreditamos que o investimento em curso na Autoeuropa irá prosseguir, porque já está numa fase adiantada”, disse à Lusa Daniel Bernardino, da Coordenadora das Comissões de Trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa, salientando: “Estamos a falar de um investimento de 677 milhões de euros, para dotar a fábrica da Autoeuropa de uma plataforma que lhe permitirá construir qualquer modelo do grupo alemão”.

Investimento de 700 milhões de euros na Autoeuropa em risco http://t.co/XUbZ36gl8Bpic.twitter.com/09AlvMhRXc

— Negócios (@JNegocios) 6 outubro 2015

Convicto de que a Volkswagen não irá travar as mudanças em curso na fábrica de Palmela, Daniel Bernardino lembrou, no entanto, que uma decisão contrária e/ou a não atribuição de um novo modelo para produção a partir de 2017, como está previsto, poderia ter consequências dramáticas para os 3.500 trabalhadores da Autoeuropa, mas também para muitos trabalhadores de outras empresas.

“Há cerca de 20.000 trabalhadores que dependem do Parque Industrial da Autoeuropa”, justificou Daniel Bernardino, lembrando que, além das empresas fornecedoras instaladas do Parque Industrial, com cerca de 1.600 postos de trabalho, há muitas outras que dependem da fábrica da Volkswagen em Palmela.

O novo presidente do grupo Volkswagen, Matthias Müller, anunciou na terça-feira que a empresa vai rever todos os investimentos previstos e “cancelará ou adiará os que não sejam estritamente necessários” após o escândalo da manipulação das emissões poluentes.

“Serei muito claro: isto vai ser doloroso”, disse Mathias Müller perante cerca de 20.000 trabalhadores reunidos na sede central de Wolfsburgo, na primeira assembleia convocada desde que rebentou o escândalo da manipulação dos motores a gasóleo em 11 milhões de veículos das marcas Volkswagen, Audi, Skoda e Seat.

O grupo Volkswagen detém em Portugal a fábrica da Autoeuropa onde são produzidos os modelos Volkswagen Eos, Scirocco e Sharan e Seat Alhambra e anunciou em março de 2014 um investimento de mais de 670 milhões de euros e a criação de mais de 500 postos de trabalho para o período entre 2014 e 2019.

O grupo Volkswagen apresenta esta quarta-feira um plano calendarizado para sanar a questão da manipulação das emissões de gases poluentes, iniciando assim a recolha à oficina de 11 milhões de veículos em todo o mundo.

#Economia Autoeuropa: empresas fornecedoras muito preocupadas http://t.co/tYB1rAq2Pi Em http://t.co/MDmhqgtnSp

— Rádio TSF (@TSFRadio) 7 outubro 2015

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