Merkel: Paz no Alto Carabaque é um imperativo

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De  Nelson Pereira
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A estabilidade no Alto Carabaque é do interesse de todos os países, disse esta quarta-feira em Berlim a chanceler alemã Angela Merkel, depois de um

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A estabilidade no Alto Carabaque é do interesse de todos os países, disse esta quarta-feira em Berlim a chanceler alemã Angela Merkel, depois de um encontro com o presidente da Arménia, Serzh Sargsyan. A paz é um imperativo, dada a posição geográfica estratégica da região, disse Angela Merkel.

Sargsyan responsabilizou o Azerbaijão pelo reacender do conflito e reiterou o apoio de Erevan às aspirações do enclave ao reconhecimento internacional da sua soberania.

“As duas décadas de esforços da comunidade internacional foram ignoradas por estas violações do cessar-fogo. Esta ofensiva militar do Azerbaijão voltou a transformar a região num foco de conflito, ameaçando a segurança europeia”, disse o presidente da Arménia.

Na terça-feira as autoridades separatistas da autoproclamada república do Alto Carabaque anunciaram a cessação de hostilidades. Durante uma visita aos soldados feridos no conflito, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, confirmou o cessar-fogo.

Os dois países envolveram-se em 1990 numa guerra pelo controlo do enclave habitado por uma maioria arménia que custou a vida a cerca de 25 mil pessoas e forçou centenas de milhares a abandonar as suas casas.

A trégua assinada em 1994 é instável, pois o Azerbaijão perdeu cerca de 20% do seu território.

O grupo de Minsk, liderado pela França, Estados Unidos e Rússia, sob a égide da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), tenta nos últimos 24 anos transformar este cessar-fogo frágil num tratado de paz efetivo. Os combates dos últimos dias vieram deitar por terra um quarto de século de conversações.

Um regresso ao conflito poderia envolver a Rússia, que tem uma aliança com a Arménia, e a Turquia, membro da NATO, que apoia o Azerbaijão.

Na origem deste regresso à senda da guerra pode estar a Turquia. É o que parece indicar a posição assumida pelo presidente turco, Recep Erdogan, que se apressou a declarar, no domingo, que Ancara apoiará Baku “até ao fim”. A Turquia apoiou sempre o Azerbaijão contra a Arménia na história deste contencioso sobre o Alto Carabaque, mas desta vez Erdogan deu um passo de encorajamento perigoso à opção bélica.

Moscovo parece menos interessado em deitar azeite na fogueira. O statu quo do Alto Carabaque tem sido mantido principalmente pelo Kremlin. A Rússia tem gerido a situação na região conservando adormecido o conflito latente, de forma poder retirar vantagens da tensão entre o Azerbaijão e a Arménia, mas neste momento não aposta na guerra. A confirmar esta posição, o presidente russo Vladimir Putin apressou-se a exortar Baku e Erevan, desde o retomar das hostilidades na passada sexta-feira, a respeitar o cessar-fogo. Na mesma linha, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov participa, na quinta-feira, na capital azeri, num encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão e do Irão, Elmar Mammadyarov e Mohammad Javad Zarif.

Os EUA mantêm neutralidade face ao conflito, embora as suas afinidades políticas estejam com o Azerbaijão.

Quanto à Turquia, a página negra do genocídio arménio cometido pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial, objeto de revisionismo negacionista de Ancara até hoje, não facilita as relações com a vizinha Arménia. Muitos dos líderes políticos envolvidos no genocídio fundaram a República Turca anos depois e a verdade histórica foi consequentemente combatida desde então. Ao mesmo tempo, Ancara mantém com Baku vastas relações comerciais, reforçadas com a rede de oleodutos e gasodutos que transportam para a Europa o petróleo e o gás azeris extraído no Mar Cáspio.

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