Condenação de Hissène Habré, conhecido como "Pinochet africano", divide opiniões

O ex-presidente do Chade, Hissène Habré, não manifestou qualquer reação à condenação à prisão perpétua, esta segunda-feira, em tribunal, mas no exterior do edifício multiplicaram-se os comentários ao veredicto.
“Hissène Habré nunca imaginou que um dia estaria em tribunal. Lutámos e os nossos sacrifícios compensaram”, sublinhou Clément Abaifouta, presidente da Associação chadiana de Vítimas de Crimes e Repressões Políticas (AVCRP).
Fatime Thiangdoum, uma das vítimas, acrescentou: “Declarar Hissène Habré culpado é tudo o que me interessa. Não é a compensação. A compensação fica para depois.”
Habré foi considerado culpado de cometer crimes contra a humanidade e torturas. Durante o mandato do antigo presidente do Chade registaram-se cerca de 40 mil assassinatos políticos e mais de 200 mil casos de tortura.
A leitura do veredito arrastou-se ao longo de quase uma hora. Em Dacar viveu-se uma jornada histórica no entender de alguns.
“Este é um exemplo forte para todos aqueles que detêm o poder em África e para os que aspiram a ter poder. Atualmente já não se pode violar de forma massiva direitos humanos, ficar-se impune e dormir tranquilamente”, disse Assane Dioma Ndiaye, advogado das vítimas,
O advogado do antigo Presidente do Chade, Ibrahim Diawara, esperava outro desfecho: “Estamos bastante desapontados porque com tudo o que se conseguiu durante o julgamento e pela forma como provámos a inocência do presidente Habré, que foi alvo de acusações falsas, esperávamos a absolvição.”
Hissène Habré refugiou-se no Senegal depois de perder o poder em 1990.