Itália: O Movimento 5 Estrelas

O Movimento 5 Estrelas (M5S) foi lançado há sete anos pelo humorista Beppe Grillo com o objetivo de acabar com a classe política tradicional em Itália. Pelo caminho conseguiu transformar-se na segunda força parlamentar.
O mentor do projeto alternativo, com uma farta cabeleira grisalha e um verbo fácil, chegou rapidamente ao coração dos eleitores de quem sempre se afirmou próximo.
Beppe Grillo começou por organizar manifestações enormes contra a classe política em 2007. O movimento de repúdio institucionalizou-se em 2009 quando o blog do humorista se transformou num espaço de democracia participativa. Os militantes eram convidados a pronunciarem-se sobre as orientações políticas e sobre a escolha dos candidatos.
O programa político do Movimento 5 Estrelas acabou por se transformar numa recolha heterogénea de propostas de vários quadrantes políticos. A instauração de um salário mínimo, a realização de um referendo para abandonar o euro, a adoção de medidas de apoio às pequenas e médias empresas, o agravamento da moldura penal contra a corrupção, a limitação dos mandatos políticos ou o acesso gratuito e universal à internet foram algumas das propostas com que o movimento se apresentou às legislativas de 2013, nas quais acabou por conquistar 25 por cento dos votos.
Em maio, os deputados do movimento recuaram no último minuto e não votaram a favor da união civil para casais do mesmo sexo, apesar de 80 por cento dos militantes se terem manifestado favoráveis. Para os analistas, o M5S tentou assim evitar uma vitória do governo e não afastar os eleitores da direita com vista às eleições municipais.
Oficialmente Beppe Grillo retirou-se da vida política há um ano e meio, mas permanece como o juiz supremo do Movimento 5 Estrelas que decreta no seu blog as expulsões dos militantes desviantes.
Um código de conduta impõe aos autarcas do movimento a consulta e a autorização dos órgãos dirigentes quando estão em causa decisões importantes.