Dois dos melhores professores do mundo

Dois dos melhores professores do mundo
De  Euronews

É um eterno debate: quais os métodos de ensino mais eficazes? Há dois elementos que são apontados como fundamentais, a inovação e a criatividade

É um eterno debate: quais os métodos de ensino mais eficazes? Há dois elementos que são apontados como fundamentais, a inovação e a criatividade. Neste programa, fomos conhecer dois professores que se destacam exatamente por isso.

Cisjordânia: A escola onde os traumas se dissipam

Hanan Al-Hroub ganhou um prémio no valor de um milhão de dólares pelo seu trabalho com crianças palestinianas. O reconhecimento mundial tornou-a num exemplo para muitos educadores.

Bem-vindos ao mundo de Hanan Al-Hroub: uma sala de aulas numa escola de Al-Bireh, junto a Ramallah, na Cisjordânia. Logo à partida, esta professora explica-nos que o princípio do seu ensino é transmitir às crianças um sentimento de segurança e tornar a escola num espaço de alegria.

Hanan ensina todas as disciplinas através de estórias e jogos. “Há um jogo que fazemos com meias para aprender a subtração e a adição. Os alunos pegam numa mola da roupa onde está escrita uma conta: 2 mais 5, por exemplo. Depois têm de ir procurar a meia com o número 7 e penduram-na com a mola respetiva. Eles ajudam-se uns aos outros durante o jogo. Mas também é uma competição e isso incentiva-os a aprender a fazer contas rapidamente”, explica-nos.

Muitas destas crianças sofreram traumas provocados pelos conflitos que continuamente abalam esta região. Hala tem 7 anos e tinha vários problemas de integração até chegar às mãos de Hanan. A mãe conta-nos que “ela não gostava de ir à escola. Os conhecimentos que tinha eram abaixo da média. Agora, as coisas mudaram. A Hanan consegue dissipar a energia negativa que as crianças trazem. Elas já não vêem o mundo apenas na perspetiva da guerra, da destruição ou do ódio. Passaram a encarar as coisas doutra forma.”

Esta professora, que cresceu num campo de refugiados, foi distinguida com o Prémio Global Teacher da Fundação Varkey. Agora pretende criar uma escola para professores.

EUA: Falhar para aprender

Joe Fatheree começou a ensinar há 25 anos. Muito cedo se apercebeu que a sua metodologia não funcionava junto dos alunos. Decidiu dar a volta às coisas e passou a recorrer a projetos de música e vídeo na sala de aulas.

Grandes ambições, sem medo de falhar porque assim é que se aprende – em traços largos, esta é a abordagem de Joe Fatheree. Diariamente, este professor de Effingham, no Illinois, finalista do Global Teacher Prize, desdobra-se para acompanhar os vários projetos criativos dos seus alunos.

Em tempos, Joe ponderou abandonar o ensino, depois de chegar à conclusão que não conseguia motivar os alunos nas aulas de Inglês. “Percebi que o problema era eu. Decidi arranjar maneira de os pôr em contacto com o mundo real e disse: ‘vamos criar projetos juntos’”, revela.

Tudo começou com música. Depois vieram ideias sobre poesia, vídeo, multimédia até engenharia… “Eles aprendem a gerir o tempo para construir o projeto, aprendem a colaborar uns com os outros, a aceitar a opinião dos outros e as críticas mais duras. São competências de que eles vão necessitar para ter sucesso na vida. Até agora, muitos deles nunca tinham tido acesso a nada do género”, afirma o professor.

Uma das equipas prepara um videoclip. A temática tem a ver com cowboys e o faroeste. Um dos estudantes canta, outro filma, outro faz a montagem, outro vai acrescentar o cenário adequado.

Um dos antigos alunos de Joe abriu uma oficina e aponta este método como razão para o seu sucesso. Segundo Jake Buhnerkempe, os estudantes “tinham era de tentar. Se falhássemos, não havia problema, era uma lição. Os negócios são um bocado assim: há um problema e arranja-se uma solução positiva.”

E esta estória reflete outro dos benefícios que o sistema de Joe acabou por gerar: muitos dos estudantes decidiram ficar e investir na pequena localidade de Effingham, no Illinois.

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