BCE mantém jutos de referência a "zero" à espera do impacto do "Brexit"

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De  Francisco Marques  com LUSA
BCE mantém jutos de referência a "zero" à espera do impacto do "Brexit"

O Banco Central Europeu revelou esta quarta-feira a decisão de manter na linha de água — a “zero” por cento — a taxa de juro de referência para a zona euro. O presidente do BCE mostrou confiança no setor bancário e considerou até que a banca está muito melhor em termos de solvência.

O problema, considerou Mario Draghi esta quarta-feira em Frankfurt, na Alemanha, está na rentabilidade, admitindo que a recente decisão do Reino Unido em deixar a União Europeia e a atual lentidão do crescimento económico não permitem antecipar devidamente os próximos tempos.

“O euro e os mercados financeiros têm resistido ao pico de incerteza e volatilidade com uma resiliência encorajadora. A anunciada prontidão dos bancos centrais em providenciar liquidez se necessário, as nossas atuais medidas de política monetária, assim como um robusto enquandramento de regras e supervisão, ajudaram a conter a pressão sobre os mercados”, afirmou Draghi, deixa em aberto a reavaliação em setembro da política monetária a seguir pelo BCE.

A instituição monetária de Frankfurt indicou que a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez se mantém em 0,25 por cento e a taxa de depósitos fica inalterada, a negativo, a -0,40 por cento. O BCE também anunciou que mantém pelo menos até março de 2017 o seu programa de compra de ativos com um valor mensal de 80 mil milhões de euros.

Na conferência de imprensa, Draghi disse que espera que os ministros das Finanças do G20 enviem uma mensagem de estabilidade após a reunião que se realiza no próximo fim de semana face à incerteza económica e geopolítica a nível mundial.

Sobre as sanções a Portugal e Espanha, por défice excessivo, o presidente do BCE diz ser um tema que cabe “inteiramente à Comissão Europeia”. Questionado sobre a justiça da decisão depois dos esforços efetuados pelos dois países ibéricos, Mario Draghi afirmou que a comissão tem “a responsabilidade e os conhecimentos para tomar a decisão.”

Na semana passada, o Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) aprovou uma recomendação para a Comissão Europeia sancionar Portugal e Espanha por não terem adotado “medidas eficazes” para corrigir os défices excessivos entre 2013 e 2015.