Que ensino para as crianças refugiadas?

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O mundo está a viver a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial.

O mundo está a viver a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. A integração nos países de acolhimento é um dos grandes desafios da atualidade. Qual o papel da escola neste contexto? Vamos abordar a realidade de dois países europeus.

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Suécia: As barreiras que Nourollah venceu

Muitos delesarriscaram a vida para procurar um futuro melhor. Vamos conhecer a estória de um rapaz afegão de 13 anos que conseguiu alcançar a Suécia, onde inicia agora um novo caminho numa comunidade que está a descobrir.

Nourollah veio sozinho do Afeganistão até à Suécia. Só no ano passado, este país nórdico acolheu cerca de 22 mil menores afegãos. Nourollah foi recebido por uma família que vive em Saltsjöbaden, às portas de Estocolmo. Para trás ficou um percurso que nunca irá esquecer.

“Fomos obrigados a entrar em barcos de borracha na Turquia. Éramos cerca de 50 pessoas num barco de 12 metros. A morte estava ali mesmo ao nosso lado. Mas eu tinha de continuar. Tínhamos medo de nos afogarmos ou de sermos detidos pela polícia”, conta-nos.

O casal que o acolheu não esconde as dificuldades que houve no princípio. “No início, ele não conseguia comunicar. Falava um bocadinho de inglês e o resto era por gestos”, explica Marlou Mönnig.

Pouco a pouco, Nourollah está a vencer a barreira da comunicação. A família de acolhimento fez questão de o inserir logo numa escola local. Henrik Landing, o seu professor, revela que o novo aluno está a fazer progressos rápidos. “Eles costumam ser conduzidos por uma grande determinação. Muitos deles deixaram a escola há meses ou anos, e querem muito voltar a aprender. Enquanto professor, isso é muito recompensante”, salienta Landing.

Este adolescente atravessou dez países, passando pelo Irão e Turquia, e viveu episódios de violência. Agora, sente-se em segurança. “A escola aqui na Suécia é ótima. Chego às 7 da manhã e volto para casa às 4 da tarde. Fiz amigos suecos. As escolas são melhores aqui, os professores são melhores. Ninguém se mete contigo. As coisas são mais avançadas”, diz Nourollah.

Áustria: “Não separo as crianças refugiadas das austríacas”

Se os jovens refugiados enfrentam obstáculos diversos, a tarefa também não é facilitada para os professores que os acolhem. Quais são os recursos pedagógicos mais indicados para este tipo de contextos?

A Áustria tem estado na linha da frente do fenómeno migratório na Europa: em 2015, 80 mil pessoas pediram asilo neste país. Faiza Sadek-Stolz é antropóloga, pertence à Universidade Americana do Cairo, mas está em Viena por um período de dois anos para dar aulas, incluindo a crianças refugiadas, no âmbito da iniciativa Teach for Austria.

Faiza domina o alemão e o árabe, uma conjugação que tem facilitado a aprendizagem de muitos dos alunos. “Eu não separo as crianças refugiadas das crianças austríacas. Junto-as a todas. Mesmo que não consigam compreender tudo o que dizemos”, afirma.

Aliás, o lema desta escola é precisamente: “Somos todos iguais”. A equipa pedagógica do Teach for Austria procura a interdisciplinaridade para responder aos traumas de alguns destes refugiados. Anna Maria Rapp, a diretora da escola, aponta que “são necessários cuidados especiais. A Faiza, por exemplo, trouxe uma professora de ioga para ajudar as crianças a ultrapassarem algumas memórias.”

Muitos dos alunos são sírios. Lilas chegou há sete meses e já fala alemão. “Sinto-me feliz nesta escola. A professora Faiza ajudou-me a sentir melhor. Gosto de estudar. É bom para mim e para a minha mãe”, diz-nos.

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Mathias Stiedl também pertence à Teach for Austria, integrada na rede Teach for All. Tal como os outros professores, recebeu uma formação inicial de 5 semanas. Nos tempos livres, ajuda uma família síria.

O processo de candidatura à Teach for Austria é bastante rigoroso. O diretor executivo, Walter Emberger, explica que “neste momento, há cerca de 70 professores que costumam dar aulas nas escolas mais necessitadas, onde a maioria dos alunos vem de famílias de imigrantes ou da classe operária.”

50 mil professores no mundo inteiro e 9 milhões de estudantes já passaram pela Teach for All.

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