Síria: Erdogan joga sempre contra os curdos

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De  Euronews
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Sob pretexto de garantir a integridade territorial da Síria, Erdogan mobilizou tropas para evitar que a cidade de Jarablus fosse reconquistada ao Estado Islâmico (EI) pelos curdos sírio.

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A Turquia lançou, esta madrugada, a maior operação militar desde o início da guerra contra o Estado Islâmico (EI). O presidente turco enviou uma dezena de carros de assalto, apoiados pela coligação internacional, para retomar uma localidade nas mãos do EI. Mas os islamitas do califado não são o único alvo.

“Esta manhã, o nosso exército inicou uma operação contra as organizações terroristas como Daesh e o PYD (Partido da União Democrática do Curdistão), que têm ameaçado o nosso país e as nossas forças de segurança, no norte da Síria”, anunciou Reccep Taiyyp Erdogan.

As forças turcas prepararam esta ofensiva durante várias semanas com os rebeldes sírios. Nos últimos dias, centenas de sírios passaram a fronteira para a Turquia, com o objetivo de retomar o controlo de Jarablus. O objetivo de Ancara era que a cidade não fosse tomada ao EI pelas forças curdas, como confirmava a a professora de Ciência Política e Relações Internacionais, Nurşin Ateşoğlu Güney:
“A Turquia está a tentar ajudar o Exército Livre da Síria, as forças moderadas, de forma a reconquistar esta terra de Jarablus ao Daesh antes da milícia curda. Este é, de facto, o principal objetivo”.

A Turquia tentou evitar, a todo o custo, ver repetido o que se passou a Manjib, alguns quilómetros ao lado, em meados de agosto. A cidade, nas mãos do EI, foi libertada, mas pelas forças democráticas sírias das quais faz parte o PYD, através dos curdos sírios, aliado do PKK, o maior inimigo do regime de Ancara.

A conquista de Jarablus era crucial para a Turquia, para evitar que os curdos tomassem o controlo total da faixa de terra ao longo da fronteira. Jarablus eraé o último reduto nas mãos do Estado Islâmico que falta aos curdos sírios.

Foi pois, oficialmente para garantir a integridade territorial da Síria que Erdogan enviou o seu exército, mas os interesses são, na realidade, outros e todos os apoios são bem vindos. Do vice-presidente americano, Joe Biden, a Massoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano.

E, num xadrez político de regras próprias, Erdogan joga tudo até a aproximação ao inimigo histórico da Turquia, o Irão, e a reconciliação com a Rússia, que desempenha um papel mais do que ambíguo na questão curda. Mas como o kremlin sonha com a constituição de um eixo Moscovo-Teerão-Ancara para minimizar a influência americana na região, o entendimento pode ser possível.

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