Dezenas de mulheres reuniram-se diante da embaixada francesa, na capital britânica, e pediram o fim da proibição do fato de banho islâmico. O autarca londrino também critica imposição francesa.
Um género de festa de praia, com areia, boias e tudo o mais, exceto a água, foi a forma encontrada por dezenas de mulheres para se manifestarem esta quinta-feira em Londres contra a controversa proibição do uso de “burquinis”, uma adaptação da burca na forma de um fato de banho de corpo inteiro, em algumas praias do sul de França. O curioso e bem-disposto protesto decorreu diante da embaixada francesa, na capital britânica.
There's actual sand outside the Frenchembassy. Unfortunately for me, didn't bring my burkini today. #wearwhatyouwantpic.twitter.com/k7vuA4aA4D
— Aina Khan (@ainakhan5) 25 de agosto de 2016
Jenny Sutton, professora no colégio do nordeste de Londres, participou no evento porque considera “ultrajante que as mulheres muçulmanas sejam forçadas a despir-se em público pelas forças policiais”, numa referência ao sucedido terça-feira na praia junto ao Passeio dos Ingleses, em Nice, onde a polícia obrigou uma mulher a despir parte do vestuário que envergava por alegado desrespeito aos bons costumes e ao secularismo francês. “Para mim, aquilo foi um ataque ao direito de todas as mulheres de escolher o que querem vestir”, acusou Jeny Sutton.
Our bodies, our clothes, our choice. We stand with the women targeted by the #BurkiniBan. #WearWhatYouWantpic.twitter.com/fJG8UOhLID
— Amnesty UK (@AmnestyUK) 25 de agosto de 2016
A manifestação em Londres aconteceu ao mesmo tempo que, em Paris, era discutido em Conselho de Estado o recurso apresentado pela Liga de Direitos do Homem contra a islamofobia em França e a proibição do uso do “burquini” pela autarquia de Villeneuve-Loubet, na Côte d’Azur, um dos mais de trinta municípios gauleses a decretar esta proibição justificada com a laicidade prevista na Constituição francesa. O próprio governo de França esta dividido, com a ministra da Educação, Najat Belkacem, a considerar que as regras antiburquini reforçam as opiniões racistas. “É um desvio político grave”, acusou.
Les arrêtés anti-burkini libèrent la parole raciste, il y a là une dérive politique grave. #E1Matinhttps://t.co/lmSYNjkWta
— Najat Belkacem (@najatvb) 25 de agosto de 2016
“Estamos solidárias com as mulheres muçulmanas em França e apelamos ao fim da proibição”, resumiu India Thorogood, uma das coorganizadoras do manifesto londrino. Também o presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, revelou pelas redes sociais estar contra a proibição do “burquini”: “Sou muito claro em relação a isto. Penso que ninguém pode dizer a uma mulher o que ela pode ou não pode vestir.”
I’m clear on this. I don’t think anyone should tell women what they can & can’t wear. https://t.co/RXmjNYC3Ka
— Sadiq Khan (@SadiqKhan) 25 de agosto de 2016
Resta saber se este protesto britânico vai ter eco na decisão a ser revelada esta sexta-feira pelo Conselho de Estado, em França.
When you JUST CAN'T WIN #WearWhatYouWantpic.twitter.com/F1FTRJVL2A
— Kitty TJ (@_kittytj) 25 de agosto de 2016