Hungria: "Ver o humano" em cada refugiado

Centenas de pessoas reuniram-se, em frente ao Parlamento húngaro, num misto de manifestação, de ‘performance’ artística – sob o nome de “Testemunho” e de obra de arte gigante, chamada “Alepo.”
[Este] referendo (..) é uma vergonha para a História do meu país
Cenarista e coorganizador do evento
Dizem ‘não’ ao referendo, de domingo, sobre a politica comunitária de quotas migratórias decidido pelo governo conservador de Budapeste.
Sob a palavra de ordem “ver o humano”, anónimos e artistas preparam uma obra de arte gigante que deverá correr mundo e ser enriquecida por outros artistas em cada etapa, até parar em Alepo – quando esta estiver em paz. Primeira etapa do percurso: a vizinha Sérvia.
“Esta obra de arte e esta ‘performance’ visam deixar marcas que vão muito além desta palhaçada chamada referendo. Um referendo que é uma vergonha para a História do meu país, e que, penso, causará feridas profundas que vamos ter de sarar”, explica Péter Horgas, cenarista e coorganizador do evento.
Os manifestantes recusam o discurso anti-migrantes do governo e recordam que os refugiados vêm para a Europa porque fogem da guerra em busca da paz e de um futuro melhor.
“Temos de ver o lado humano dos refugiados e não as coisas más e não concordamos com o governo que, nos últimos meses, preparou e levou a cabo uma campanha de ódio”, defende uma manifestante.
“Vemos que as pessoas podem tornar-se fanáticas – o que é muito assustador. E penso, especialmente com um bebé nos braços”, diz um pai, que continua: “que quero que ela viva num país normal – é por isso que é importante estar aqui”.
Embora sem verdadeira força legal, o referendo – que visa saber se os húngaros aceitam ou não, a relocalização de refugidos na Hungria – só será válido se a taxa de participação ultrapassar os 50%, pelo que muitos apelam à abstenção.
Andrea Hajagos, correspondente da euronews em Budapeste, confirma: As pessoas com quem falámos aqui, na sua maioria, dizem que não vão votar, no referendo. A questão é saber se vão ser a maioria ou não, no domingo.