Há 10 anos, Ban Ki-Moon foi eleito logo após a primeira votação, mas agora há quem prefira uma mulher no cargo apesar do favoritismo e da alegada melhor preparação do português.
Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas votam esta quarta-feira o nome do futuro secretário-geral da organização, uma eleição que tem como favorito o português António Guterres, num processo que pode ficar quase encerrado logo neste primeiro dia. Mas parece que o antigo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados tem em Moscovo um novo obstáculo.
Governo português lembra que candidatura de Guterres foi transparente e apresentada a tempo https://t.co/LfYiIcEGlx
— Jornal de Negócios (@JNegocios) 28 de setembro de 2016
Na madrugada de terça-feira, a Rússia, país com direito de veto no Conselho de Segurança, revelou o desejo de apoiar uma mulher da Europa de Leste, sendo que existem apenas duas candidatas búlgaras que preenchem esse requisito: Irina Bokova e Kristalina Geogieva, esta última que entrou na corrida há duas semanas.
“Acreditamos que é a vez da Europa do Leste de fornecer o próximo secretário-geral. Gostaríamos muito de ver uma mulher”, disse o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin.
The #WSJ is Wrong: António Guterres is the Best to Run the
UN</a> <a href="https://t.co/45UJRzM8l8">https://t.co/45UJRzM8l8</a> <a href="https://twitter.com/JeffDSachs">
JeffDSachsColumbiaSIPA</a> <a href="https://twitter.com/ColumbiaMPADP">
ColumbiaMPADPSipaSusdev</a></p>— Andre CdAlmeida (
AndreCdAlmeida) 28 de setembro de 2016
Depois de cinco votações em que os votos dos 15 membros eram indiscriminados, os votos dos membros permanentes (China, Rússia, França, Reino Unido e Estados Unidos) vão ser revelados pela primeira vez, ficando pela primeira vez visível algum caso de veto.
Há 10 anos, quando foi escolhido Ban Ki-moon, a primeira votação deste género foi a única. Nesse dia, 02 de outubro de 2006, Ban Ki-moon recebeu 14 votos “encoraja” e apenas um “sem opinião”, o que precipitou a desistência de todos os outros candidatos no dia seguinte. Uma semana mais tarde, a 09 de outubro, o Conselho de Segurança aprovou por aclamação a resolução que recomendava o nome do sul-coreano.
No entanto, conforme explicou fonte diplomática à Lusa, o processo tem poucas regras, o que dá muita flexibilidade aos membros do Conselho de Segurança, sobretudo os permanentes, para decidir os próximos passos.
Mesmo que Guterres obtenha o apoio de nove países e nenhum veto dos membros permanentes, os membros podem decidir realizar mais votações.
Guterres vence quinta votação para secretário-geral da ONUhttps://t.co/LAEfnWaHxtpic.twitter.com/NPHiDLNS1H
— Defesa Nacional (@defesa_pt) 27 de setembro de 2016
António Guterres venceu as cinco primeiras votações destacado, sendo o único que ultrapassou o mínimo de nove apoios, mas teve sempre entre dois e três votos “desencoraja”. Se mantiver o mesmo resultado e um dos votos negativos pertencer a um dos cinco permanentes, o seu nome não pode ser sequer recomendado.
Georgieva tem licença sem vencimento para fazer frente a Guterres https://t.co/NmgYIEC3Pv
— Diário de Notícias (@dntwit) 28 de setembro de 2016
A entrada da búlgara Kristalina Georgieva na corrida, na semana passada, também pode provocar mais rondas de votações, necessárias para clarificar o posicionamento de todos os países.
Num ano em que a ONU tentou trazer transparência ao processo, realizando audiências públicas, entrevistas e debates com os 12 candidatos iniciais, a entrada tardia da vice-presidente da Comissão Europeia foi recebida com desconfiança por alguns países e entusiasmo por outros.
Texto: Lusa (AYS// PJA)
Edição: Francisco Marques