UNICEF: Iémen à beira da tragédia, meio milhão de crianças em subnutrição grave

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De  Nelson Pereira
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No Iémen, o número de crianças mortas aumentou de 70% desde o ano passado. Há cerca de meio milhão de crianças num estado de subnutrição grave

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A guerra no Iémen fez pelo menos 7700 mortos, dos quais pelo menos 1546 crianças, informa um relatório da UNICEF divulgado na segunda-feira.

O conflito entra no terceiro ano no país mais pobre do Médio Oriente e as crianças pagam o preço mais elevado. Há 462 mil crianças num estado de subnutrição grave, um número que aumenta rapidamente desde 2014.

De acordo com o relatório, o sistema de saúde do país está à beira do colapso, deixando cerca de 15 milhões de homens, mulheres e crianças sem acesso a cuidados básicos de saúde. Um surto de cólera e diarreia aquosa aguda continua a expandir-se desde outubro de 2016, com mais de 22,500 casos suspeitos de contágio e 106 mortes.

70% dos iemenitas dependem atualmente de ajuda humanitária para sobreviver. Os combates destruíram estradas e outras infraestruturas, o que, a par de obstáculos de ordem burocrática, dificulta os esforços de ajuda das organizações humanitárias.

Um “relatório do ReliefWeb“http://reliefweb.int/report/yemen/yemen-not-much-time-avert-catastrophe, um serviço de informação das Nações Unidas sobre crises humanitárias, informou em 20 de março que “a situação da população civil é terrível e milhões de pessoas passam fome”.

Privadas de escolarização

Com a guerra, o número de crianças privadas de escolarização aumentou de mais de 50%. Cerca de 3,5 milhões de jovens formam uma geração perdida para um dos países mais pobres do mundo. A guerra privou de ensino 1,84 milhões de crianças, que vieram somar-se aos 1,6 milhões não escolarizados antes do conflito, de acordo com a UNICEF.

Segundo a UNICEF, 212 ataques aéreos atingiram escolas e mataram alunos. A guerra deixou inutilizáveis 1.640 escolas, 10% dos estabelecimentos escolares do país, dos quais 1.470 foram destruídas ou passaram a abrigar combatentes ou deslocados.

A geopolítica tem outras urgências

O conflito no Iémen acentuou-se com a intervenção em 26 de março de 2015 da coligação militar liderada pela Arábia Saudita em apoio às forças pró-governamentais contra os rebeldes xiitas Houthis.

Tal como na Síria, a Arábia Saudita e o Irão estão envolvidas no Iémen numa luta entre sunitas e xiitas, pelo controlo do Oriente Médio.

Enquanto a Arábia Saudita conta com apoio dos Estados Unidos, os rebeldes xiitas Houthi são apoiados pelo Irão. Isto, ao mesmo tempo que os extremistas sunitas do Daesh combatem as forças Houthi e a Al-Qaeda recruta combatentes do Daesh para as suas fileiras.

Segundo a imprensa britânica, os Estados Unidos realizaram 40 ataques aéreos no Iémen entre 1 e 15 de março.

Maior crise humanitária desde 1945

De acordo com a UNICEF, cerca de 22 milhões de crianças estão com fome, doentes, deslocadas e sem escola no nordeste da Nigéria, na Somália, no Sudão do Sul e no Iémen. No dia 11 de março, o coordenador dos serviços humanitários das Nações Unidas, Stephen O’Brien, disse que o mundo enfrenta a maior crise humanitária desde 1945, com mais de 20 milhões de pessoas afetadas pela fome nestes quatro países. Segundo Stephen O’Brien, o Iémen vive a situação mais dramática.

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