Brexit provoca tensões na Irlanda do Norte

A saída do Reino Unido da União Europeia está a provocar tensões na Irlanda do Norte, facilitando, assim, o reabrir de velhas feridas.
Logo após o referendo, do ano passado, o Sinn Féin, o antigo braço político do IRA, defendeu uma votação na Irlanda do Norte sobre a unificação com a República da Irlanda, depois de 55,7% dos habitantes terem optado pela permanência no bloco europeu.
A chefe da Comissão Europeia em Belfast, Colette Fitzgerald, adverte que “o maior risco é político: o Brexit tornar-se num outro fator de divisão entre as duas principais comunidades da Irlanda do Norte, entre aqueles que desejam permanecer no Reino Unido e aqueles que aspiram por uma Irlanda unida.”
Uma das maiores preocupações provocadas pelo “Brexit” é a possibilidade do encerramento da fronteira entre as duas irlandas, o que pode levar à escalada de tensões e o regresso à violência entre os grupos mais radicais de católicos e protestantes.
Para o Partido Democrático Unionista o regresso da fronteira pode não ser físico.
“Uma das soluções inteligentes é recorrer à vigilância eletrónica das transações na fronteira usando o reconhecimento dos veículos, cruzando essa informação com as faturas que as pessoas terão de fornecer, tal como o fazem já hoje. Essa é uma maneira de vigiar o vai e vem do comércio, na fronteira. Não precisamos de postos fronteiriços ou de parar as pessoas. É claro que isso seria complementado com verificações físicas ocasionais, se fosse necessário”, afirma o porta-voz para o “Brexit” do Partido Democrático Unionista, Sammy Wilson.
O “Brexit” e o possível acordo entre o Governo de Theresa May e o Partido Democrático Unionista levaram a críticas, em especial do Sinn Féin, que acusou a primeira-ministra britânica de quebrar o acordo de Belfast, assinado na Sexta-feira Santa de 1998 e que colocou fim a mais de três décadas de conflitos.