A "incómoda" indústria do turismo em Barcelona

A "incómoda" indústria do turismo em Barcelona
De  Pedro Sacadura
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Se por um lado o setor representa uma fonte de receita por outro os vários milhões de visitantes anuais representam uma dor de cabeça para os habitantes da cidade.

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Os excessos do turismo são motivo de preocupação para Barcelona. Se por um lado o setor representa uma fonte de receita, 360 dias do ano, por outro os vários milhões de visitantes anuais representam uma dor de cabeça para os habitantes da cidade.

A presidente da Câmara, Ada Colau, fala numa “bolha turística” que precisa de regulação: “Nos últimos cinco anos, quando chegámos ao Governo, os alojamentos turísticos tinham crescido quase 20%. É um impacto enorme que recorda os números da borbulha imobiliária.”

Em alguns bairros o número de visitantes supera o dos residentes a tempo inteiro. Um facto agravado pela pressão crescente exercida pelos elevados preços do arrendamento que empurram os habitantes locais para áreas mais em conta.

“Os rendimentos do património são muito mais significativos do que os rendimentos do trabalho. Isto faz com que estejamos cada vez mais vulneráveis e que tenhamos uma economia menos produtiva, menos competitiva e que também não gera emprego de qualidade”, sublinha Maria Sisternas, perita em urbanismo da Urban Media Consulting.

O presidente da Associação de Hotéis de Barcelona, Jordi Clos, encontra respostas para o problema nos milhares de apartamentos ilegais, de uma enorme lista, usados para fins lucrativos: “Os apartamentos turísticos ilegais apareceram de forma bastante rápida, em quatro ou cinco anos, e criaram um clima de insatisfação e de frustração aos cidadãos de Barcelona porque se introduziu um tipo de turismo de um nível que não é o que realmente queremos ter e se criou uma quantidade de problemas ao cidadão comum.”

Mas nem tudo se resume a casas ou apartamentos ilegais. Os habitantes acreditam também que a massificação do turismo desvaloriza a vida diária e é um modelo económico perigoso. Palavra de Daniel Pardo, da Associação de Moradores para um Turismo Sustentável: “As nossas vidas vão continuar a ser desvalorizadas. Ou se faz uma mudança radical no modelo de cidade e se aposta por uma economia socialmente sustentável ou a cidade vai ficar como uma mera decoração, com um parque temático gigante. A forma de contornar isso é reduzir o peso do setor turístico na economia da cidade.”

A autarquia, por outro lado, reitera que o turismo é positivo, que representa 15% do PIB de Barcelona. No entender da presidente da Câmara, Ada Colau, falta apenas ação política: “Tanto turistas como cidadãos estão de acordo que o setor é muito positivo para a cidade de Barcelona, mas também no facto de que para continuar a ser positivo é preciso reordená-lo, regulá-lo, para que seja sustentável.

Cristina Giner, euronews – “Tanto a autarquia de Barcelona como as associações a favor e contra o turismo trabalham em rede com outras cidades europeia como Veneza, Paris, Berlim para encontrar soluções para o desafio do turismo massivo.”

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