Rússia e União Europeia prolongam "braço de ferro" económico a 2018

Rússia e União Europeia prolongam "braço de ferro" económico a 2018
De  Francisco Marques

UE decidiu manter sanções a Moscovo até final de janeiro; Kremlin decreta prolongamento do embargo ao ocidente; Bruxelas alarga ajudas aos fruticultores.

Vladimir Putin prolongou esta sexta-feira até final de 2018 o embargo da Rússia aos produtos alimentares ocidentais, mas a União Europeia estava preparada.

Após receber quinta-feira no Kremlin Sigmar Gabriel, vice chanceler e ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, o Presidente russo decretou o alargamento do embargo no que se entende ter sido uma resposta à manutenção até janeiro do próximo ano das sanções da União Europeia contra Moscovo, por incumprimento dos acordos de Minsk em relação ao conflito no leste da Ucrânia.


A Comissão Europeia decidiu, entretanto, prolongar também até final de junho do próximo ano o programa de ajuda aos respetivos produtores de fruta para minimizar os efeitos do embargo russo.

As ajudas aos produtores europeus começaram no arranque do embargo russo, em agosto de 2014.

O prolongamento da ajuda de Bruxelas por mais um ano foi avaliado em cerca de 70 milhões de euros e permite uma rede de garantias para os produtores que não consigam escoar os seus produtos devido ao embargo russo.


O plano europeu de assistência aos fruticultores abrange quatro grupos de frutos: maçãs e peras, pêssegos e nectarinas, ameixas e, por último, citrinos. Em Portugal, são elegíveis 935 toneladas de peras e maçãs em Portugal.

A Comissão Europeia pretende ainda ajudar a distribuir por organizações de caridade as produções frutícolas bloqueadas pelo embargo russo ou, em alternativa, usa-las para alimentação de animais.

Kremlin suspende contribuição ao Conselho da Europa

A Rússia anunciou, também esta sexta-feira, a suspensão da contribuição no orçamento do Conselho da Europa, instituição europeia que reúne 47 Estados-membros e que é responsável pelas questões de direitos humanos.

O país “não vai contribuir para o orçamento do Conselho da Europa até que sejam restaurados na sua totalidade os direitos da delegação russa” na instituição, disse o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, ao Presidente do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland, em conversa telefónica, refere um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

A diplomacia russa, num outro comunicado, denunciou a “deterioração da situação” na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e a “campanha frenética” por deputados de outros países para normalizar as relações com a Rússia.

Os 18 deputados russos da APCE, com sede em Estrasburgo foram privados do seu direito de voto em abril de 2014, como parte das sanções impostas em resposta à anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.

Aplicadas as sanções, os representantes eleitos da Rússia fecharam a porta a Estrasburgo e fizeram um boicote ao trabalho da Assembleia Parlamentar, na qual não participam há mais de três anos.

“Em simultâneo, a Rússia continua o seu trabalho significativo no Conselho da Europa”, lê-se também no comunicado da diplomacia russa.

Embora isenta de poder legislativo, a APCE destina-se a promover o diálogo, principalmente questões relacionadas com a democracia e os direitos humanos.

A APCE reúne 318 deputados de parlamentos nacionais dos 47 países membros do Conselho da Europa, quatro vezes por ano, em Estrasburgo.

Texto suportado em artigo da Agência Lusa.

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