UE decidiu manter sanções a Moscovo até final de janeiro; Kremlin decreta prolongamento do embargo ao ocidente; Bruxelas alarga ajudas aos fruticultores.
Vladimir Putin prolongou esta sexta-feira até final de 2018 o embargo da Rússia aos produtos alimentares ocidentais, mas a União Europeia estava preparada.
Após receber quinta-feira no Kremlin Sigmar Gabriel, vice chanceler e ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, o Presidente russo decretou o alargamento do embargo no que se entende ter sido uma resposta à manutenção até janeiro do próximo ano das sanções da União Europeia contra Moscovo, por incumprimento dos acordos de Minsk em relação ao conflito no leste da Ucrânia.
#Kremlin: Meeting with German Vice Chancellor and Foreign Minister Sigmar Gabriel https://t.co/jMJRScp5q9pic.twitter.com/3CWGlLIGbe
— President of Russia (@KremlinRussia_E) 29 de junho de 2017
A Comissão Europeia decidiu, entretanto, prolongar também até final de junho do próximo ano o programa de ajuda aos respetivos produtores de fruta para minimizar os efeitos do embargo russo.
As ajudas aos produtores europeus começaram no arranque do embargo russo, em agosto de 2014.
O prolongamento da ajuda de Bruxelas por mais um ano foi avaliado em cerca de 70 milhões de euros e permite uma rede de garantias para os produtores que não consigam escoar os seus produtos devido ao embargo russo.
€70 million to further support EU fruit producers. We remain firmly on the side of our farmers hurt by Russian ban. https://t.co/B4TdJ1g7h4pic.twitter.com/gmCD4sxQc0
— European Commission (@EU_Commission) 30 de junho de 2017
O plano europeu de assistência aos fruticultores abrange quatro grupos de frutos: maçãs e peras, pêssegos e nectarinas, ameixas e, por último, citrinos. Em Portugal, são elegíveis 935 toneladas de peras e maçãs em Portugal.
A Comissão Europeia pretende ainda ajudar a distribuir por organizações de caridade as produções frutícolas bloqueadas pelo embargo russo ou, em alternativa, usa-las para alimentação de animais.
Kremlin suspende contribuição ao Conselho da Europa
A Rússia anunciou, também esta sexta-feira, a suspensão da contribuição no orçamento do Conselho da Europa, instituição europeia que reúne 47 Estados-membros e que é responsável pelas questões de direitos humanos.
O país “não vai contribuir para o orçamento do Conselho da Europa até que sejam restaurados na sua totalidade os direitos da delegação russa” na instituição, disse o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, ao Presidente do Conselho da Europa, Thorbjorn Jagland, em conversa telefónica, refere um comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.
A diplomacia russa, num outro comunicado, denunciou a “deterioração da situação” na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) e a “campanha frenética” por deputados de outros países para normalizar as relações com a Rússia.
Os 18 deputados russos da APCE, com sede em Estrasburgo foram privados do seu direito de voto em abril de 2014, como parte das sanções impostas em resposta à anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.
Aplicadas as sanções, os representantes eleitos da Rússia fecharam a porta a Estrasburgo e fizeram um boicote ao trabalho da Assembleia Parlamentar, na qual não participam há mais de três anos.
“Em simultâneo, a Rússia continua o seu trabalho significativo no Conselho da Europa”, lê-se também no comunicado da diplomacia russa.
Embora isenta de poder legislativo, a APCE destina-se a promover o diálogo, principalmente questões relacionadas com a democracia e os direitos humanos.
A APCE reúne 318 deputados de parlamentos nacionais dos 47 países membros do Conselho da Europa, quatro vezes por ano, em Estrasburgo.
Texto suportado em artigo da Agência Lusa.