Primeiro-ministro paquistanês destituído por "desonestidade"

As revelações dos “Papéis do Panamá” derrubam o primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif, reconhecido culpado de desonestidade pelo Supremo Tribunal do país, um ano após a publicação da investigação jornalística internacional.
Os juízes ordenaram a destituição do chamado “leão do Punjab”, acusado de ocultar bens e investimentos em paraísos fiscais .
A sentença, festejada pelos opositores do chefe de governo, recomenda igualmente a abertura de um inquérito por corrupção contra Sharif e três filhos, entre os quais Maryam Nawaz, até hoje apontada como uma possível herdeira política.
A saída de Sharif conduz à queda do governo a um ano das próximas eleições e sem um sucessor à vista no campo do partido governamental. O presidente do parlamento vai assumir a chefia de governo de forma interina.
Segundo o analista político Mazhar Abbas:
“Esta decisão é bastante significativa para a oposição e para a democracia no Paquistão, uma vez que pode entrar para a história, mesmo que se possam tirar duas conclusões, que esta sentença vai reforçar a democracia ou que vai enfraquecê-la. Mas, de forma geral, espero que esta decisão seja um passo histórico para livrar o Paquistão da corrupção”.
Sharif confirmou esta tarde que abandona o cargo, segundo ele, “com algumas reservas”, quando o seu partido anuncia que vai recorrer da sentença.
Trata-se da terceira vez que o político não termina o mandato de primeiro-ministro, depois de um escândalo de corrupção e de um golpe de estado terem precipitado a sua saída do cargo nos anos noventa.
A decisão do Supremo foi festejada em Peshawar pelos partidários do chefe da oposição, Imran Khan. Em Lahore, bastião da família Sharif, centenas de apoiantes denunciavam o que consideram ser uma “conspiração”.