Fernando Alexandre fala em declarações descontextualizadas após discurso sobre a presença de alunos de diferentes estratos sociais em residências universitárias. Conselho de Redação da RTP já reagiu, considerando as acusações do ministro "graves e injustificadas".
É mais uma reação do ministro da Educação à polémica sobre as suas declarações sobre estudantes carenciados e residências universitárias. Numa entrevista ao jornal ECO, Fernando Alexandre acusa a RTP, que passou as imagens, de um “ataque cobarde e vil”, questionando a emissora pública sobre a escolha editorial da parte do discurso utilizada na peça jornalística.
“Acho inacreditável. Aliás, acho que a direção da RTP deve explicar isso. A RTP esteve presente na sessão toda, entrevistou-me no fim, e escolheu um trecho que eu não acho que seja apenas por acaso”, acusou o ministro. “A RTP tem de explicar se foi só incompetência. A direção da RTP tem de ir atrás disto e perceber porque é que a jornalista que fez esta reportagem escolheu aquele trecho”, reforçou.
A polémica teve início na passada semana, depois das declarações do ministro da Educação, nas quais parecia sugerir uma relação entre a degradação das residências universitárias com a presença e o acesso exclusivo de alunos carenciados.
O trecho emitido foi retirado de um discurso mais alargado de Fernando Alexandre, durante a apresentação de um novo modelo social, onde defendia a inclusão nas residências universitárias públicas de alunos de vários estratos sociais, e não apenas os mais desfavorecidos, evitando assim a sua degradação.
“Que tipo de pessoa podia ter dito aquilo que disseram que eu disse? É um ataque cobarde, é um ataque vil, que tipo de pessoa é que pode dizer uma coisa daquelas?”, questionou Fernando Alexandre.
“Eu tenho dificuldade em imaginar alguém sequer a dizer isso. E, por isso, é uma coisa tão inverosímil… Ou seja, é tão ofensivo. Em lado nenhum está dito que os estudantes são responsáveis por… Em lado nenhum. Isso não foi dito, nunca. Quem deu o salto para a conclusão que deu, deu porque quis dar esse salto”, afirmou, reforçando que também ele viveu numa residência enquanto estudante.
“Acusações graves e injustificadas”
O Conselho de Redação da RTP já reagiu às declarações do ministro, considerando que estas “colocam em causa, de forma grave e injustificada, o bom nome, o profissionalismo, a idoneidade e a ética" da redação.
Num comunicado, enviado à agência Lusa, os profissionais dizem que as “referências a alegadas 'agendas camufladas' e a 'incompetência' não são meras críticas: são acusações que atingem diretamente a credibilidade da informação da RTP e os seus profissionais", exigindo uma resposta da Direção de Informação que tem "o dever de defender o bom nome da RTP e dos seus profissionais".
"Este é o momento de união e firmeza. A nossa história e a nossa missão exigem que respondamos com clareza e dignidade", é possível ler no comunicado.