Juncker, Líbia e refugiados: "As coisas precisam de mudar"

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Um acordo europeu multilateral estabelecido recentemente tem sido amplamente criticado, sob o argumento de que não combate a violência e abusos cometidos.

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A Comissão Europeia tem estado debaixo de fogo pela inação face à forma como a Líbia lida com a questão dos refugiados que tentam fazer a travessia para o continente europeu. Jean-Claude Juncker diz que a “Europa tem uma responsabilidade coletiva” para tentar melhorar as condições dos campos de refugiados naquele país. Um acordo europeu multilateral estabelecido recentemente tem sido amplamente criticado, sob o argumento de que não combate a violência e abusos cometidos. O presidente da Comissão Europeia deu a sua própria visão à euronews.

James Franey, euronews: No seu discurso salientou que a bússola da Europa reside nos seus valores. Onde é que encaixa nisto o acordo entre a União Europeia e a Líbia?

Jean-Claude Juncker: No que diz respeito à Comissão Europeia, pelo menos, estamos a respeitar integralmente os valores primordiais da Europa. Não estamos a fechar o continente aos refugiados. Estamos a tentar que eles venham para a Europa, mas não apenas para os países que servem de porta de entrada. Eles têm de ser distribuídos pelos Estados-membros. Estamos a desenvolver um vasto e ambicioso programa com África, para que seja mais fácil para os africanos encontrarem um trabalho e uma perspetiva de vida no seu próprio continente, em vez de virem para a Europa. Por isso, não creio que estejamos a desrespeitar os valores primordiais europeus.

euronews: E no que diz respeito às condições vividas nos campos… Há organizações humanitárias que denunciam atos de violência contra os migrantes, torturas, até violações… O que é que sente, enquanto europeu, quando lê esses relatórios?

JCJ: São relatórios que considero chocantes. É por isso que dizia no meu discurso que temos de nos focar nas dificuldades que os refugiados enfrentam nos campos líbios. Temos de reforçar a cooperação com a Líbia, através sobretudo das Nações Unidas, do Alto Comissariado para os Refugiados, da Organização Internacional para as Migrações… Não quero dar dinheiro ao governo líbio, quero dar apoio àqueles que estão a ajudar a mudar as coisas. E as coisas precisam de ser mudadas.

euronews: Mas como tornar isso possível quando o país se encontra numa situação tão difícil, sendo devastado por conflitos, fações rivais, grupos terroristas…? Como garantir as condições dos migrantes na Líbia neste contexto?

JCJ: Do ponto de vista diplomático, há trabalho feito. Estamos em contacto estreito com os vizinhos da Líbia. A estabilização da Líbia é do interesse de todos. Mas nós não somos os únicos responsáveis. Mesmo assim temos de tentar melhorar as condições de vida nos campos. No entanto, sim, os relatórios chocam-me.

euronews: Uma última pergunta: pode apontar uma organização humanitária que veja este acordo com bons olhos?

JCJ: Eu não sei o que é que as ONG pensam. Aquilo que sei é que é preciso haver um acordo com a Líbia e com os outros países da região para tentar controlar o problema dos refugiados. Não sou particularmente amistoso quando se trata da Líbia, mas temos de trabalhar com aqueles que estão no poder para o bem dos refugiados.

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