Líder do Primeiro Justiça recusa manter-se na Mesa de Unidade Democrática se o líder da Ação Democrática continuar na coligação antichavista
A coligação de oposição na Venezuela está a desmoronar-se após a aparente traição de quatro governadores eleitos pela aliança opositora do Presidente Nicolás Maduro.
A rutura da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que integra a Ação Democrática (AD), o Primeiro Justiça (PJ) e a Vontade Popular (VP), surge na sequência da decisão de quatro dos cinco governadores eleitos a 15 de outubro pela aliança da oposição terem decidido subjugar-se à controversa Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e terem cumprido o juramento para poderem tomar posse.
Um destes governadores, Laidy Gomes, da AD (foto em cima), explicou a decisão de jurar diante da Constituinte com a promessa feita pela defesa do povo, que “está a sofrer extremamente às mãos de um governo incompetente”, referiu numa declaração à imprensa.
“Eles baixaram a cabeça e traíram os eleitores. Falo por mim, não pelo meu partido. Se Ramos Allup (líder da AD) continuar na MUD, eu não continuo. O que aconteceu segunda-feira não tem justificação”, assumiu Henrique Capriles, líder do PJ, o partido cujo governador eleito no estado de Zulia, Juan Pablo Guanipa, recusou subjugar-se à Constituinte.
El Zulia no se arrodillará, no se someterá a una Constituyente fraudulenta. Aquí hay un liderazgo con pie de plomo que seguirá en la lucha pic.twitter.com/vZUtzHmFSl
— Juan Pablo Guanipa (@JuanPGuanipa) 24 de outubro de 2017
Capriles defendeu ainda que o até agora aliado Ramos Allup, da AD, seria “o candidato que agradaria ao governo de Nicolás Maduro nas presidenciais de 2018.”
O líder interino da VP, a outra força política da MUD, garantiu, entretanto, que o seu partido não irá participar nas eleições municipais previstas realizar até final deste ano, mas ainda sem data estabelecida.
“Na segunda-feira, eles disseram-nos que mesmo que ganhássemos as eleições municipais, os presidentes de câmara teriam de se ajoelhar diante da ANC. O Vontade Popular não vai participar nisso. O país quer votar, mas não quer ser uma ferramenta útil à ditadura”, afirmou Freddy Guevara, líder de partido enquanto Leopoldo Lopez se mantém em prisão domiciliária.
#FOTOS Pdte.
NicolasMaduro</a> mantiene reunión con gobernadores de oposición en Venezuela, Anzoátegui, Nva. Esparta y Mérida <a href="https://t.co/S4HMfuuaJu">pic.twitter.com/S4HMfuuaJu</a></p>— Prensa Presidencial (
PresidencialVen) 24 de outubro de 2017
Três destes quatro novos governadores da oposição que se subjugaram à ANC foram recebidos terça-feira no palácio presidencial. Nicolás Maduro aproveitou o encontro para ratificar a entrega de recursos aos respetivos estados: Tchira (Laidy Gomes), Mérida (Rámon Guevara),Nueva Esparta (Alfredo Diaz) e Sira de Anzoátegui (Antonio Barreto).
Pouco depois, o líder da AD anunciou a “autoexclusão” dos quatro governadores das listas do partido.
Desde AD sobre juramentación de gobernadores #24Octhttps://t.co/g90uQbjYBD
— Henry Ramos Allup (@hramosallup) 24 de outubro de 2017
Ramon Allup garante ter dado instruções aos camaradas eleitos para não se apresentarem no juramento de tomada de posse diante da ANC e que a desobediência tem como consequência automática a autoexclusão.
No vengan ahora con expulsiones ficticias!Venezuela y los venezolanos merecen respeto! https://t.co/VzsnYzupIH
— Henrique Capriles R. (@hcapriles) 24 de outubro de 2017
“Julgo que caíram numa emboscada, mas também compreendo o ponto de vista que os levou a proceder desta forma. Se não o fizessem, não seria possível assumirem a governação dos respetivos estados”, disse Allup, negando ter tentado convencer Juan Pablo Guanipa, o eleito pelo PJ em Zulia, em seguir os passos dos outros quatro eleitos pela oposição ao regime chavista de Nicolás Maduro.