Sem autorização para usar o espaço do Centro da Imprensa Internacional, em Bruxelas, pertencente ao governo belga, Carles Puidgemont deu uma conferência de imprensa no pequeno Clube de Imprensa, que ficou a abarrotar.
O líder independentista catalão respondeu a poucas questões, sem dar oportunidade à imprensa espanhola.
“É sempre desagradável que aqueles que reivindicam a liberdade de expressão não deixem que lhes sejam colocada uma pergunta. A liberdade de expressão também passa por deixar a imprensa espanhola colocar questões, pelo que fiquei chocado”, disse Jurek Kuczkiewicz, jornalista belga do Le Soir.
Puidgemont diz que escolheu Bruxelas por ser, simbolicamente, a capital da União Europeia e não para pedir asilo à Bélgica, mas tal permite-lhe escapar, por agora, ao processo judicial que enfrenta em Espanha.
“Apesar de não terem sido recebidos pelas instituições europeias, dizem que permanecerão aqui, pelo menos o Presidente, até que obtenham garantias. Tal vai implicar que o governo espanhol tome medidas para obter a sua extradição”, referiu Griselda Pastor, jornalista espanhola da Cadena SER.
The former leader of Catalonia said he would work for now from Brussels, in “freedom and security” https://t.co/SGz6oQ4A3y
— The New York Times (@nytimes) October 31, 2017
No exterior do Clube de Imprensa algumas dezenas de pessoas gritaram “Viva Espanha” e apuparam Puidgemont. Mas também houve quem lhe viesse dar apoio, nomeadamente os independentistas da região flamenga da Bélgica.
“Poderá haver um problema para o governo, porque um partido que se diz nacionalista, N-VA, faz parte do governo belga. Eles fizeram declarações fortes sobre reconhecerem a independência da Catalunha. O tempo para falar já passou, chegou o momento de agir e ser o primeiro país a reconhecer a independência da Catalunha”, disse Tom Van Grieken, líder do Vlaams Belang, partido de extrema-direita flamengo.
A correspondente da euronews em Bruxelas, Ana Lazaro, acrescenta que “no final da conferência de imprensa de Carles Puigdemont, muitas pessoas mostraram-se desconcertadas. Por um lado não pede asilo político, mas vai ficar na Bélgica. Por outro, não renuncia ao cargo, mas participará nas eleições”.