Primeiro-ministro do Líbano volta a abdicar da liderança do governo por incapacidade de liderar a oposição xiita
O primeiro-ministro do Líbano anunciou este sábado, de forma inesperada, a demissão do cargo de chefe do Governo.
Depois de já ter liderado o governo libanês entre 2009 e 2011, Saad Hariri, de 47 anos, voltou a assumir o cargo em novembro do ano passado, mas agora, numa mensagem televisiva durante uma visita à Arábia Saudita, o até aqui chefe de governo acusou o movimento xiita Hezbollah e o governo do Irão de “controlo” sobre o Líbano e de outros países da região.
أبرز ما جاء في كلمة دولة رئيس مجلس الوزراء سعد رفيق الحريري pic.twitter.com/pztsyFHcgS
— Saad Hariri (@saadhariri) 4 de novembro de 2017
O primeiro-ministro demissionário considerou que o país retrocedeu para uma situação similar à de 2005, quando o pai, Rafik Haririr, na altura também chefe de governo, foi assassinado numa execução associada ao Hezbollah. Saad Hariri assumiu o receio de também ser assassinado.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, confirmou através do repetivo gabinete ter recebido o pedido de demissão de Saad Hariri num telefonema oriundo do estrangeiro, mas o chefe de Estado disse aguardar por uma explicação mais detalhada após o regresso ao país do chefe de governo demissionário.
#BREAKING: Lebanese Prime Minister Saad Hariri resigns, fearing assassination pic.twitter.com/otbjzVdcGY
— Al Arabiya English (@AlArabiya_Eng) 4 de novembro de 2017
Saad Hariri, 47 anos
Natural da Arábia Saudita, onde o pai fez fortuna, o até aqui primeiro-ministroi do Líbano estava à cabeça da empresa de construção Oger quando foi chamado pela família para recuperar no país a respetiva posição política de orientação sunita.
Não conseguiu controlar a oposição xiita do Hezbollah, único movimento libanês a manter a posse das armas após a guerra civil de 1975-1990 e que se assume na rgião como aliado do presidente da Síria Bashar al-Assad.
Saad Hariri acusou o regime sírio de ter orquestrado o assassinato do pai, Rafik Hariri, e exigiu a retirada das tropas sírios do território libanês, o que aconteceu no final de 2005 e após 29 anos de presença.
Em 2008, os apoiantes do líder sunita e os opositores xiitas quase mergulharam o Líbano numa nova guerra civil. O movimento formado em 2007 por Saad Hariri viria a ganhar as eleições em 2009 e o filho de Rafik Hariri assumiu a chefia do governo até 2011, quando se viu obrigado a demitir-se após a renúncia dos ministros afetos ao Hezbollah.
Saad Hariri voltou em 2016, com o apoio saudita, para tentar reforçar a posição sunita entre a comunidade muçulmana em contrapeso à força xiita do Hezbollah, assumido aliado da Síria e do Irão.
Este sábado, Saad Hariri voltou a assumir a incapacidade de reformar a política no Líbano e surpreendeu o país com o anúncio do abandono da liderança do governo, presume-se que em sintonia com a vontade saudita.
Saad Hariri é licenciado em Economia pela Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, detémtambém a cidadania saudita e é casado com uma mulher de de origem síria, Lara Bashir Azm. O casal tem três filhos, que vivem com a mãe na Arábia Saudita, onde deverá agora querer manter-se o agora de novo demissionário chefe do governo libanês.