Exército toma controlo e confina Robert Mugabe

No Zimbabué, a jornada desta quarta-feira foi de tensão crescente. Com tanques de guerra, carros blindados e soldados nas ruas da capital.
Harare despertou com a televisão nacional e vários edifícios públicos ocupados por militares.
Num comunicado lido em direto na televisão, um dos responsáveis do Exército nega, no entanto, tratar-se de um golpe militar.
Fala antes numa operação para deter o que considera ser a “rede de criminosos” em torno do chefe de Estado, Robert Mugabe.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou à calma e à preservação dos direitos fundamentais, em linha com o discurso do Presidente da África do Sul, Jacob Zuma: “Estamos muito preocupados com a situação no Zimbabué. Gostaríamos de apelar à calma e à contenção, em particular das Forças de Defesa e Segurança no país. Também contactei o presidente Robert Mugabe e tive oportunidade de falar com ele. Está bem, mas confinado em casa. Obtive igualmente um briefing da situação no Zimbabué.”
A formação ZANU-PF, do Presidente, fala em “traição” e em “incitação à rebelião”, mas nem todos alinham no mesmo discurso.
“Este é um desenvolvimento lamentável para a política do nosso país no que diz respeito à intervenção militar. Por outro lado, penso que é um sinal de alívio para o povo do Zimbabué. A avaliar pelo estado das coisas, pelo menos o povo está contente com o travão à dinastia Mugabe que foi propagada por Robert Mugabe e pela esposa”, sublinha Lovemore Chinoputsa, do principal partido da oposição no Zimbabué, o Movimento para a Mudança Democrática.
Os militares entram em cena em clima de crise económica e de fratura dentro do partido governamental por causa da sucessão do chefe de Estado. Tudo se precipitou uma semana depois demissão do vice-presidente, denunciada como uma “purga.”