Pela primeira vez, sancionar o gás russo está na agenda da União Eurooeia (UE), mas o âmbito das medidas será limitado. Os Estados-membros continuarão a poder comprar Gás Natural Liquefeito (GNL) russo, mas não poderão reexportá-lo depois de o transformarem.
As sanções já tinham visado o carvão e o petróleo, mas o gás GNL tinha sido poupado devido aos receio sobre um impacto muito negativo na economia da União. Um analista considera que foram criadas as condições para evitar que haja um descalabro nos preços.
"Com o armazenamento num nível bastante seguro e com os novos fornecedores, com novo contrato, a UE sente que pode começar a sancionar o gás russo. Penso que a razão por detrás de todas as sanções é que queremos causar mais danos à Rússia do que a nós próprios. E é por isso que o gás natural não foi sancionado até agora", disse Giovanni Sgaravatti, analista do Bruegel, em entrevista à Euronews.
A UE já reduziu a dependência do gás russo que chega por gasoduto de 40% em 2021 para 8% em 2023.
Mas as importações de gás GNL aumentaram nos últimos anos, em particular pela Bélgica e a Espanha.
A reexportação, também conhecida como transbordo, ainda é relevante, explica o analista: "A Rússia obtém cerca de 8 a 9 mil milhões, por ano, em exportações de GNL para a UE. Penso que, em 2023, atingiu 8 mil milhões de euros. E o transbordo ainda representa uma parcela considerável disso, entre 10% a 15% das exportações totais do terminal de GNL de Yamal. Portanto, tem o potencial de afetar essas empresas".
O gás GNL faz parte de um lote de sanções que estão a ser analisada para a aprovação do 14.º pacote e, idealmente, será concluído até ao final da presidência belga do Conselho da UE. A Hungria toma o leme em julho e tem sido crítica de mais sanções contra a Rússia.