O antigo general comandou as tropas responsáveis pela perseguição e deslocação forçada durante a guerra que provocou cerca de 100 mil mortos e mais de 2 milhões de desalojados
O veredicto daquele que ficou conhecido como o “Carniceiro dos Balcãs” vai ser pronunciado esta quarta-feira, cinco anos depois de ter começado a ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. A monte durante 16 anos, Ratko Mladic, antigo chefe militar dos sérvios da Bósnia foi detido em 2011, na Sérvia, e extraditado para Haia.
Prisão perpétua é o que pedem os familiares de homens e rapazes mortos pelas forças sérvias da Bósnia no pior massacre da Europa desde a II Guerra Mundial.
“O general Mladic chegou e começou a distribuir chocolate e rebuçados às crianças. Enquanto as câmaras de televisão lá estavam, dizia que nada de mal ia acontecer e que não havia razões para ter medo. Mas quando se foram embora deu ordem para matar, violar e aos que ficaram para fossemos perseguidos e banidos de Srebrenica, para que pudesse fazer uma limpeza étnica” afirma Munira Subasic da Associação Mães de Srebrenica.
A acusação sustenta que foram cometidos vários crimes na tentativa de transformar os enclaves de Srebrenica e Zepa, no leste da Bósnia, em zonas sérvias etnicamente puras. Um episódio que remonta a julho de 1995 e que a família de Enisa Podzic tem ainda bem presente.
“Maldic matou muitas pessoas em Zepa e em Srebrenica, entre eles o meu avô e o meu tio que estão agora enterrados em Potocari (memorial de Srebrenica). Nunca tive a oportunidade de os ver ou conhecer” refere Mujo Podzic, o filho mais novo de Enisa.
Ao fim de todos estes anos, esta família, tal como muitas outras, espera que finalmente seja feita justiça.