Costa-marfinense repatriado acusa: "Estão a vender africanos na Líbia"

Costa-marfinense repatriado acusa: "Estão a vender africanos na Líbia"
De  Euronews
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Migrantes confirmam leilões de escravos na Líbia por 60 a 120 euros cada ser humano; António Guterres diz-se "horrorizado" e exige "investigação sem demora."

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De regresso a Abidjan, mais de 150 migrantes da Costa do Marfim confirmaram a existência de leilões de escravos na Líbia.

A prática foi denunciada sexta-feira pela estação de televisão americana CNN através de um vídeo mostrando o que parece ser um leilão de migrantes, realizado em agosto e no qual seres humanos terão sido vendidos por cerca de 1200 dinares líbios, o equivalente a 700 euros.

De nombreux migrants sont vendus par les passeurs et réduits à l’esclavage
Les images accablantes d’une vente aux enchères d‘êtres humainsCNN</a> <a href="https://t.co/D6w2Qs2NT4">pic.twitter.com/D6w2Qs2NT4</a></p>— Emmanuel Foulon (efoulon1) 16 de novembro de 2017

Um dos migrantes marfinenses repatriados na segunda-feira, Diaby Baba, confirmou: “Estão a vender africanos. Eles vendem pessoas na Líbia.”

Diaby Baba contou que “mesmo os adolescentes líbios de 15 anos andam nos carros armados, raptam as pessoas e vendem-nas por 200 ou 100 dinares (entre 120 e 60 euros). Depois, os outros também te revendem”. “Essa é a verdade”, garantiu o repatriado marfinense.

Em Nova Iorque, António Guterres descreveu os supostos leilões de escravos como “um dos abusos mais flagrantes dos direitos humanos e um provável crime contra a humanidade”. O secretário-geral da ONU exigiu uma investigação sem demora.

“Estou horrorizado pelas notícias e os vídeos mostrando migrantes africanos na Líbia sendo alegadamente vendidos como escravos. Abomino estes atos terríveis e apelo a todas as autoridades competentes para investigarem estas atividades sem demora e a apresentarem os criminosos à justiça”, começou por dizer Guterres numa declaração exclusiva sobre o tema.

Slavery has no place in our world. https://t.co/Yy03lmKRPYpic.twitter.com/iTH62c2F6Z

— António Guterres (@antonioguterres) 20 de novembro de 2017

O responsável adiantou também ter pedido “aos agentes relevantes nas Nações Unidas para darem seguimento a este assunto”. “A escravatura não tem espaço no nosso mundo”, sublinhou Guterres, apelando a todos os países para “adotarem e aplicarem a Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional e o respetivo protocolo sobre o tráfico de pessoas.”

“Apelo à comunidade internacional para se unir no combate a este flagelo. Isto também nos lembra da necessidade de resolver as vagas de migração de forma tolerante e humana através da melhoria da cooperação na gestão das respetivas causas”, defendeu o secretário-geral da ONU, referindo-se a uma melhoria das leis da migração, ao combate aos “facilitadores” e à proteção dos direitos das vítimas destes traficantes.

Após a revelação pela CNN do vídeo de um aparente leilão, em agosto, onde migrantes terão sido vendidos por setecentos euros, foram várias as manifestações organizadas durante o fim de semana contra a escravatura na Líbia. Milhares de pessoas fizeram-se ouvir junto às embaixadas líbias em Paris, Bamaco ou Conacri.

Nos recintos desportivos, também houve manifestações contra a venda de seres humanos, por exemplo, pelo colega de Gonçalo Guedes no Valência, o francês Geoffrey Kondogbia.

3 puntos ! Gracias Dios ?? #larebellionestenmarche
Apoyo a las personas explotadas en Libia #Libertadpic.twitter.com/q1ysZJy03v

— Geoffrey Kondogbia (@Geo_Kondogbia) 19 de novembro de 2017

O também futebolista francês Paul Pogba, do Manchester United, manifestou-se pelo Instagram. “Que Alá possa estar ao vosso lado e esta crueldade veja um fim”, escreveu o pupilo de José Mourinho, dirigindo-se às vítimas de escravatura na Líbia.

While very happy to be back, my prayers go to those suffering slavery in Libya. May Allah be by your side and may this cruelty come to an end!

Uma publicação partilhada por Paul Labile Pogba (@paulpogba) a Nov 18, 2017 às 2:50 PST

Mon cœur saigne. Décidément, nous ne sommes que portés vers de vaines choses. Voici encore une qui devrait nous révolter, mais une fois encore nous faisons preuve de lâcheté! Grand frere, je me tiens disponible pour TOUT.

Uma publicação partilhada por Samuel Eto’o (@setoo9) a Nov 16, 2017 às 12:26 PST

Comment peut on rester indifférents devant tant de haine, l’esclavage, la traite humaine est la sous nos yeux chez nous en Afrique en Libye !!!! Partagez sur vos réseaux, manifestez jusqu’à ce que ce cauchemars cesse!! J’invite les autorités libyennes à stopper ces actes d’une barbarie qui laisse sans voix et censés être révolus!!! Honte à ceux qui traitent ainsi leur frères humains!!!!!!! Shame on those who see this and decide to stay silent, no words will be strong enough to describe how I feel about such slavery!!! Migrants are not your slaves, freedom for those who are leaving their countries for a better place to live and end up in these horrific people This is a crime against humanity and as human beings we can’t stay silent and not say or do anything

Uma publicação partilhada por didierdrogba (@didierdrogba) a Nov 17, 2017 às 4:11 PST

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