Ratko Mladić, o "carniceiro" da Bósnia

Militar de carreira no exército jugoslavo, nascido em 1942, Ratko Mladić consegue uma promoção importante ao ser nomeado, em 1992, comandante do exército sérvio da Bósnia. Mantém o posto até ao fim da guerra, em 1996. Os crimes de que foi acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia são todos desse período.
Deve a promoção a Radovan Karadžić, na altura chefe político e presidente dos sérvios da Bósnia. Os dois homens são os principais arquitetos da limpeza étnica dos muçulmanos e croatas na região.
Para isso, recorrem às deportações, ao confinamento de civis e outras práticas proibidas pelo direito internacional. Meio século depois da Segunda Guerra Mundial, a Europa volta a ter campos de concentração. São os casos dos campos Manjača e Omerska.
Mladić junta a experiência de militar de carreira aos meios de um exército para levar a cabo o cerco a Sarajevo. A capital bósnia sofre os horrores da guerra durante 43 meses. Os civis são vítimas dos tiros de morteiro e das balas dos “snipers”, perante a impotência dos capacetes azuis. Por tudo isso, Mladić é acusado de genocídio.
Trata-se do crime mais grave reconhecido pelo direito internacional. O episódio mais grave passou-se em Srebrenica, depois do exército sérvio da Bósnia ter tomado este enclave muçulmano sob proteção da ONU.
Em julho de 1995, dezenas de milhares de civis encontram-se refugiados neste enclave, fugidos ao avanço das tropas comandadas por Mladić. Entrado na cidade, o coronel manda separar todos os homens com idades dos 15 aos 65 anos.
Estima-se que, durante quatro dias, tenham sido mortos 8000 homens, fuzilados e enterrados em valas comuns.
Mladić foi acusado pelo tribunal de Haia assim que a guerra acabou, mas não se esconde. Beneficia da proteção de Slobodan Milošević até este ser preso em 2001. Começa depois a beneficiar da cumplicidade dos militares sérvios para se esconder nos quartéis.
Só foi capturado em maio de 2011, depois de mais de 15 anos a fugir à justiça.