Ancara deseja criar uma "zona de segurança" no noroeste da Síria. Apelos de Washington de nada serviram.
Está aberta uma nova frente na guerra da Síria, mais uma vez, com atores internos e externos, num conflito de interesses que parece não chegar ao fim.
A Operação "Ramo de Oliveira", assim batizada pela Turquia, teve início este fim de semana, apesar dos apelos dos Estados Unidos e dos protestos de Damasco.
O exército turco e os aliados rebeldes envolveram-se em confrontos com milícias curdas, apoiadas pelos EUA, na província síria de Afrin, no noroeste do país.
Ancara deseja proteger os seus interesses e considera o YPG como uma "força terrorista" e uma "ameaça à integridade territorial" do Estado turco.
Confrontos entre exército turco e curdos do YPG
Depois da ofensiva do exército turco contra as Unidades de Proteção Popular (YPG, sigla em língua curda), as milícias curdas lançaram vários rockets sobre duas localidades turcas, próximas da fronteira com a Síria.
Os rockets lançados pelos milicianos curdos atingiram um cidadão sírio em território turco e feriram cerca de 50 pessoas. Noutra localidade, uma testemunha contou à agência Reuters que cinco pessoas ficaram feridas num ataque.
Entretanto, os rebeldes do YPG disseram ter conseguido expulsar forças turcas no terreno da região de Afrin. No mesmo dia, milhares de pessoas manifestaram-se contra os ataques lançados pelo exército turco em Amuda, no noroeste da Síria.
Interesses opostos, objetivo DAESH
Os Estados Unidos consideram o papel do YPG fundamental para o combate aos jiadistas do autoproclamado Estado Islâmico na região.
A Turquia, por seu lado presta apoio aos rebeldes do Exército Livre da Síria e deseja criar uma "zona segura" de 30 quilómetros, de acordo com o primeiro-ministro Binali Yildirim, citado pelos media turcos.
Mas a "Operação Ramo de Oliveira" tem lugar quando as relações entre Ancara e a NATO e entre Ancara e a União Europeia passam por algum distanciamento.
A Turquia não vê com bom olhos o que define como "ações unilaterais" da parte do exército dos EUA na Síria.
A possibilidade de que Washington venha a prestar apoio logístico a 30 mil milicianos na região de Afrin, controlada pelas chamadas Forças Democráticas Sírias - aliança liderada pelos milicianos do YPG - deixou Tayyip Erdoğan particularmente instisfeito.
Próxima do presidente sírio, Bashar al-Assad, a Rússia disse que tinha a intenção de pedir à Turquia que ponha termo à operação.
Algo que os representantes da diplomacia russa deverão fazer perante as Nações Unidas, de acordo com a agência noticiosa Estatal RIA.