Primeiro-ministro de Israel cancela acordo com ACNUR sobre refugiados

Benjamin Netanyahu esta segunda-feira em conferência de imprensa
Benjamin Netanyahu esta segunda-feira em conferência de imprensa Direitos de autor REUTERS/Ronen Zvulun
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De  Francisco Marques
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Menos de 24 horas após assinar e anunciar relocalização de 16.250 requerentes de asilo africanos para países ocidentais, Netanyahu cancelou acordo

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Um passo à frente... dois atrás. Menos de 24 horas após Israel ter aceitado legalizar alguns dos cerca de 39.000 requerentes de asilo africanos a viver atualmente no país, o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu decidiu recuar, suspender num primeiro momento e cancelar agora o acordo assinado com o Alto Comissariado das Nações unidas para os Refugiados (ACNUR).

Ainda na segunda-feira, pelo Facebook, o primeiro-ministro afirmou que o acordo estaria sem efeito até revisão do mesmo, sem dar grandes detalhes.

Esta terça-feira, à entrada para uma reunião com residentes do sul de Telavive, a região mais afetada pela vaga de requerentes de asilo africanos, Netanyahu afirmou que o acordo foi mesmo cancelado.

"Ouvi atrentamente muitos comentários sobre o acordado. Depois de reavaliar as vantagens e as desvantagens, decidi cancelar o acordo", afirmou Netanyahu, citado entre outros pelo jornal Haaretz.

Recorde-se que o documento previa que as Nações unidas teriam de organizar e pagar a transferência de 16.250 requerentes de asilo africanos para outros países ocidentais como o Canadá, a Alemanha ou a Itália.

O acordo estabelecido entre o governo israelita e o alto comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) serviria para colocar alguma água na fervura da contestação à anterior decisão de Israel de deportar milhares destes migrantes ilegais para a Eritreia ou o Sudão. Operação em que estes países africanos já haviam recusado colaborar.

O primeiro-ministro israelita, numa conferência de imprensa transmitida em direto pela televisão, chegou mesmo a salientar que esta transferência de requerentes de asilo iria permitir melhorar o nível de vida no sul de Televive ao longo dos próximos cinco anos, período em que iriam prolongar-se as três fases da operação.

O acordo também tinha sido confirmado pelo ACNUR (UNHCR).

"O ACNUR agradece a colaboração do governo de Israel para encontrar uma solução para milhares de eirtreus e sudaneses. Este acordo vai permitir que seja disponibilizada proteção para aqueles que dela precisam", afirmou Volker Türk, o Alto Comissário Adjunto das Nações Unidas para a Proteção, citado no comunicado da organização.

O organismo da ONU explicou ainda que o Estado de Israel teria de "elaborar programas para encorajar os requerentes de asilo eritreus e sudaneses a deixarem o sul de Telavive para onde têm maioritariamente congregado."

"Formação vocacional também será disponibilizada para os requerentes de asilo para trabalhos nos setores da energia solar, da agricultura e da irrigação com vista a empregos no estrangeiro ou em Israel", lê-se ainda no comunicado do ACNUR.

Pouco depois do anúncio pela televisão de Netanyahu, o jornal Haaretz contatou a embaixada alemã em Israel, a qual negou ter havido qualquer pedido ao governo germânico para acolher parte dos 16.250 requerentes de asilo que Israel teria acordado com a ONU transferir inclusive para a Alemanha.

Agora, fica sem efeito e os requerentes de asilo africanos veem apagar-se de novo "a luz ao fundo do túnel" israelita.

Outras fontes • haaretz

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